Da Nobreza Primeira: Lembranças de Pretos e Velhos e o Fenômeno do Preconceito

Nome: BEATRIZ BAPTISTA TESCHE ROSSOW
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 26/10/2015
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANO ROBERTO AFONSO DO NASCIMENTO Examinador Externo
MARIANA BONOMO Examinador Interno
MIRIAN BECCHERI CORTEZ Examinador Interno
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Orientador
RENATA DANIELLE MOREIRA SILVA Examinador Externo

Resumo: O objetivo do estudo foi entender como pessoas negras idosas, ao serem entrevistadas e convidadas a falas sobre suas vidas, mencionam eventuais vivências relacionadas ao preconceito racial. Sabe-se que o preconceito racial existiu e era exercido na sociedade em que sua vida transcorreu. Interessa conhecer que tipo de reflexão fazem a respeito ou que tipo de concepção foi construído sobre o assunto. Para cumprir tal objetivo geral foram definidos alguns pontos que constituem objetivos paralelos e que nortearam a análise das informações obtidas. Tais pontos podem ser descritos da forma como se segue. Investigar: 1) se os relatos indicam que situações que caracterizam preconceito ou discriminação foram percebidas como mais frequentes ou mais incisivas em alguma etapa da vida; 20 se em associação com as etapas da vida, manifestações preconceituosas ocorreram de forma diferenciada em certas esferas ou processos próprios da vida social; 3) se há algum tipo de regularidade ou de incidência diferenciada de preconceito de determinados locais ou instituições em que todas as pessoas circulam; 4) diferenças nas narrativas de homens e mulheres que possam ser atribuídas ao sexo dos entrevistados; 5) o conjunto de palavras ou expressões para indicar que se está a fazer referência a indivíduos negros; 6) que menções a tais religiões podem surgir nas narrativas, seja de pessoas próximas a tal universo, seja de pessoas estranhas a ele; 7) se as narrativas incluem algum tipo de referência aos locais em que os entrevistados tenham morado que possam ser relacionados com o tema da extensão da visão marcada por preconceito para as regiões das cidades; 8) nas narrativas elementos que indiquem se a existência de legislação que pune crime de racismo; 9) quais alterações são percebidas nas práticas racistas. Foram entrevistados seis idosos que se auto declararam pretos ou pardos. A entrevista explorou aspectos da infância, da juventude, da formação escolar, da vida profissional, das relações afetivas e familiares, e ocorrências de preconceito e discriminação. As entrevistas foram transcritas e seu conteúdo foi organizado em três blocos temáticos que se destacaram: infância/juventude, família, trabalho. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo no processamento das informações. Apenas dois participantes incluíram espontaneamente em suas narrativas ocorrências em que foram vítimas de racismo. Os demais só mencionaram quando questionados diretamente sobre o tema Infância e juventude foram as etapas que suscitaram mais recordações de episódios de discriminação. As formas de discriminação são comuns a todas as etapas da vida. A instituição em relação á qual se verificou a maior incidência de episódios de discriminação foi a escola. Homens não mencionaram trabalho doméstico na infância; não mencionaram atividades comuns com a vizinhança relacionadas ao cotidiano doméstico; falaram pouco e com poucos detalhes dos filhos, mas essa diferença para as mulheres não se fez notar em relação aos netos. As palavras usadas para identificar as pessoas negras indicam que sobrevive uma noção de gradação de cor, na qual a aproximação com o branco é valorizada. Em relação ás religiões de matriz africana, houve menção em apenas um relato, marcado por estereótipos negativos. Sobre a extensão da discriminação do indivíduo ao seu local de moradia, foi tratada em uma única narrativa, na forma de contraste entre morro e asfalto. Não foi identificada qualquer menção à legislação vigente que criminaliza o racismo. Constatou-se que práticas racistas continuam a ocorrer, ainda que de formas mais dissimuladas e ambíguas do que eu o racismo manifesto e flagrante que prevaleceu em momentos anteriores da vida brasileira.

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