Autoconsciência Corporal em Estudantes de Música: Avaliação e Intervenção

Nome: MARINA MEDICI LOUREIRO SUBTIL
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 29/08/2016
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE Co-orientador
MARIANE LIMA DE SOUZA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALESSANDRA PAIVA DE CASTRO Examinador Interno
GRACE KELLY FILGUEIRAS FREITAS Examinador Interno
JOÃO FERNANDO RECH WACHELKE Examinador Externo
MARIANE LIMA DE SOUZA Orientador
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Examinador Interno

Páginas

Resumo: Devido às suas demandas físicas, cognitivas e afetivas, a aprendizagem da execução musical talvez seja uma das mais complexas tarefas humanas, cujos limites ainda não somos capazes de apontar com riqueza de detalhes. Estudar um instrumento envolve uma experiência humana multifacetada e multidimensional, com repercussões diretas na saúde daquele que estuda. A saúde do músico tem sido uma temática investigada por diferentes áreas do conhecimento, cujo foco em comum são processos físicos e psicológicos da saúde e do adoecer dessa classe profissional. Entre os aspectos mais estudados da saúde de músicos, estão as lesões mais comuns e suas causas bem como as ferramentas de tratamento. A autoconsciência corporal aparece como uma variável transversal a todos esses aspectos. Considera-se como hipótese em estudos de diferentes áreas que indivíduos que apresentam melhor consciência e percepção do corpo tendem a sofrer menos com adoecimentos de ordem neuromusculoesquelética. Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa é investigar a autoconsciência corporal em estudantes universitários de música e sua relação com a prevenção e/ou surgimento de lesões neuromusculoesqueléticas relacionadas à prática instrumental. A pesquisa teve caráter misto e foi conduzida em duas etapas. A primeira refere-se à criação e validação de um instrumento de avaliação da autoconsciência corporal e aspectos ergonômicos de estudantes de música, o Aergo-AutoConMusi. Participaram dessa fase da pesquisa 415 estudantes de cursos de licenciatura e bacharelado em música de diferentes universidades do Brasil, regularmente matriculados e de todos os períodos. A primeira fase resultou em dois estudos: o primeiro apresenta os resultados da avaliação geral da saúde ocupacional de estudantes de música e o segundo apresenta o processo de desenvolvimento e validação do instrumento. A fase de validação do Aergo-AutoConMusi resultou em três escalas: uma escala de autoconsciência corporal; uma escala de percepção da dor e por último uma escala de aspectos preventivos. Na segunda fase da pesquisa, realizou-se um ensaio clínico não controlado, com desenvolvimento e execução de um programa de intervenção através do conceito Pilates e aulas teóricas em saúde do músico. A intervenção ocorreu durante um semestre letivo, com 15 estudantes universitários de música de ambos os sexos, com idades variando de 19 a 44 anos (M=26) matriculados na disciplina optativa de saúde do músico. Os encontros foram semanais, com duração de três horas, e os estudantes foram agrupados em três por turma, de acordo com suas disponibilidades de horário. Os participantes foram avaliados quanto à sua autoconsciência corporal antes e após a intervenção, através do Aergo-AutoConMusi e de autorrelatos. O resultado da primeira etapa da pesquisa sugere que a saúde ocupacional dos músicos encontra-se alicerçada em torno de aspectos físicos, cognitivos e organizacionais e que o instrumento – Aergo-AutoConMusi pode ser um importante auxílio em pesquisa, na avaliação e no acompanhamento de estratégias em saúde do músico por professores de música e profissionais de saúde que se interessem e lidem com a autoconsciência corporal nessa população. O resultado da segunda etapa dessa pesquisa evidencia indicadores de eficiência do programa de intervenção, através do incremento de aspectos físicos e comportamentais envolvidos com a autoconsciência corporal dos participantes. Discute-se como o entendimento do corpo e o treino específico de habilidades corporais e comportamentais em performance possibilitou nessa amostra, a redução das queixas dolorosas e a melhora dos aspectos (autopercepção da dor; aspectos ergonômicos do fazer musical) da autoconsciência corporal mensurados pelo instrumento. Propõe-se que a autoconsciência corporal em músicos foi alicerçada em três dimensões: a autoconsciência corporal e a percepção da dor; a autoconsciência corporal e os aspectos ergonômicos do fazer musical e a autoconsciência corporal e os aspectos preventivos em saúde do músico. Considera-se por fim, que a relação do corpo com a dor, a postura corporal em performance, os comportamentos de prevenção e cuidados em saúde, se aprimoram e se ajustam através de ensinamentos e vivências corporais específicas em saúde do músico, focadas nos aspectos que norteiam a autoconsciência corporal. Por se tratar de um fenômeno multifactorial, a autoconsciência corporal em músicos evidencia-se como campo exploratório e necessita da participação integrada de profissionais de saúde e professores de música a fim de contribuírem para o seu melhor entendimento e avaliação, bem como para a criação e implantação de programas que visem o seu aprimoramento nas diferentes atividades musicais.

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