Tornar-se filho na perspectiva de crianças adotadas tardiamente

Nome: IVY CAMPISTA CAMPANHA DE ARAUJO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/08/2017
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
CÉLIA REGINA RANGEL NASCIMENTO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CÉLIA REGINA RANGEL NASCIMENTO Orientador
EDINETE MARIA ROSA Examinador Interno
FABIO SCORSOLINI-COMIN Examinador Externo
REBECA VALADÃO BUSSINGER Suplente Interno

Resumo: Apesar da importância da reciprocidade na construção da vinculação entre pais e filhos, a adoção tardia ainda é realizada no Brasil priorizando o discurso do adulto, de forma que os sentimentos e desejos da criança geralmente ficam em segundo plano num processo adotivo. Além do exposto, verifica-se que a prevalente busca por adoção de crianças de tenra idade revela receios dos postulantes em adotar crianças maiores, sendo um dos argumentos o fato de que a criança maior já viveu uma história com sua família pregressa e que essa vivência poderia dificultar a vinculação na nova família. Diante dessas considerações, o trabalho aqui apresentado teve como objetivo investigar aspectos facilitadores e desafiadores no estabelecimento da filiação em uma família que realizou uma adoção tardia, privilegiando a perspectiva das crianças sobre a interação com a nova família. A pesquisa elegeu como participantes uma família composta por um casal, um homem e uma mulher, na faixa etária dos 40 anos, que realizou uma adoção tardia de um grupo composto por quatro irmãos. Participaram da pesquisa o casal e as três crianças mais velhas, que tinham idades de cinco, oito e dez anos. Como procedimentos de coleta de dados foram realizados seis encontros na casa da família, momentos nos quais foram realizadas entrevistas com roteiros semiestruturados, elaboração do genograma e observação ao longo dos procedimentos com registro em diário de campo. Verificou-se que, apesar dos pais terem descrito desafios ao longo da adaptação, como reorganização da rotina familiar e conjugal, insatisfações com as divisões de tarefas do casal por parte da mãe, necessidade de maior investimento nas duas crianças mais velhas em relação à aprendizagem escolar e atendimento às demandas de quatro crianças de uma vez, estes não se
converteram em dificuldades no estabelecimento da filiação. As intervenções realizadas revelaram que a adoção era recíproca e estava em curso, constatando-se que tanto as crianças quanto os pais estavam vivenciando as emoções de um vínculo filial/parental. As crianças relataram cenas cotidianas que ilustravam o sentimento de que se sentiam cuidadas, corrigidas e amparadas pelos pais, destacando maior convivência no dia a dia com a mãe. Os processos proximais com objetos e símbolos, presentes no microssistema familiar das três crianças, também favoreceram o desenvolvimento do seu sentimento de pertencimento e filiação na família, pois tanto chamaram a atenção para o seu lugar nesse novo ambiente quanto explicitaram a preocupação e o afeto dos membros da família para com elas. Conclui-se que a pesquisa possibilitou a ampliação de informações a respeito da adoção tardia, contribuindo para o conhecimento sobre o tema. Destacou-se ainda que políticas de acompanhamento pós-adoção poderiam auxiliar a vivência dos desafios apresentados por famílias que realizam a adoção tardia, especialmente no caso de adoção de grupos de irmãos.

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