O centro de atenção psicossocial infanto-juvenil (CAPSij) de Vitória: dez anos de funcionamento.

Nome: IAGOR BRUM LEITÃO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 18/12/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Orientador
MARIA CRISTINA VENTURA COUTO Examinador Externo
TERESINHA CID CONSTANTINIDIS Examinador Interno

Resumo: A inclusão de crianças e adolescentes na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Brasil ocorreu tardiamente e permanece como um desafio cotidiano para profissionais, familiares, usuários e pesquisadores. Com o intuito de contribuir para o campo da Saúde Mental da Criança e do Adolescente (SMCA), este estudo de mestrado teve como objetivo conhecer e descrever os serviços do CAPSij de Vitória em seu décimo ano de funcionamento e comparar com a descrição do serviço relativa ao primeiro ano de funcionamento. Trata-se de um estudo de caso que realizado em duas etapas sequenciais. A primeira se refere a uma pesquisa documental de caráter retrospectivo e descritivo. Acessou-se os prontuários de crianças e adolescentes atendidos pelo serviço entre o período de Setembro de 2016 e Setembro de 2017, possibilitando a caracterização. Os dados foram analisados com auxílio dos softwares SPSS e foram comparados com os dados obtidos no primeiro ano de funcionamento do serviço. A segunda etapa, de caráter qualitativo, foi delineada por meio de entrevistas com os profissionais atuantes no CAPSij. O objetivo foi identificar as percepções destes profissionais acerca do trabalho em SMCA. Participaram das entrevistas 15 profissionais. Os dados foram analisados por meio da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) e Nuvem de Palavras, ambos possibilitados pelo software IRaMuTeQ, e foram comparados aos dados obtidos no primeiro ano de funcionamento. Identificou-se que: o décimo ano de funcionamento do CAPSij foi marcado pelo aumento de 51,85% (n=84) da demanda em relação ao primeiro ano; manteve-se a maior incidência de quadros neuróticos do que quadros psicóticos e do espectro autista; que os usuários do sexo masculino permaneceram prevalentes, com destaque para problemas de comportamento do tipo “externalizante” (hiperatividade, agressividade e uso de álcool e outras drogas), ao passo que os usuários do sexo feminino apresentaram queixas de comportamento do tipo “internalizante”, com destaque para queixas de automutilação e cutting; que as Unidades Básicas de Saúde mantiveram-se como o equipamento da Rede que mais encaminharam usuários para o CAPSij, seguidas pelas demandas espontâneas, as quais aumentaram expressivamente em relação ao primeiro ano. No que se refere às entrevistas, a CHD formou cinco classes que remeteram aos maiores desafios vividos pelo CAPSij em seu décimo ano de funcionamento: i) desafios relacionados ao imaginário do serviço construído por outros equipamentos da rede e pela população, comumente associando o CAPSij a um espaço ambulatorial, centrado na figura do médico; ii) desafios relacionados às (des)articulações com a RAPS do município; iii) desafios relacionados às ações clínicas e aos aspectos relacionados ao manejo dos profissionais, tendo como porta-voz o autismo; iv) desafios relacionados às condições socioeconômicas frágeis da clientela; e v) desafios relacionados ao cuidado de adolescentes com demandas de uso abusivo de álcool e outras drogas. Identificou-se maior amadurecimento dos profissionais, na medida em que possibilitaram mapear os desafios no cuidado de crianças e adolescentes em sofrimento psíquico e com questões ligadas ao uso de substâncias psicoativas. No entanto, o estudo aponta que há dificuldades de o serviço funcionar de forma efetivamente “psicossocial”. Os dados sugerem que o CAPSij ainda parece estar encapsulado em seu próprio serviço ao invés de estar território, articulando-se de modo mais efetivo à Rede de SMCA e exercendo a clínica ampliada.

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