Lugares do organismo na análise do comportamento: uma reflexão conceitual e quantitativa
Nome: KELVIN FONSECA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 20/03/2019
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
DIEGO ZILIO ALVES | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
DIEGO ZILIO ALVES | Orientador |
ELIZEU BATISTA BORLOTI | Examinador Interno |
KESTER CARRARA | Examinador Externo |
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO | Suplente Interno |
RAFAEL RUBENS DE QUEIROZ BALBI NETO | Suplente Externo |
Resumo: A análise do comportamento é definida como a ciência que estuda o comportamento dos organismos, porém o organismo não recebe a mesma atenção que o comportamento na área. Em manuais de princípios básicos e vocabulários não é possível encontrar uma definição explícita e consensual desse organismo, e apesar do termo estar presente no título de uma das obras mais significativas da área, o The Behavior of Organisms de B. F. Skinner, seu status dentro da comunidade analítico-comportamental parece incerto, e sua função tem sido frequentemente debatida. Além disso, em livros introdutórios de psicologia e na literatura não-comportamental podem ser encontradas críticas à análise do comportamento que a desenham como pressupondo uma concepção de humano simplista. Dado que a ausência de uma formulação direta pode resultar em confusão conceitual em pesquisas dentro da área bem como a perpetuação de críticas equivocadas fora dela, esse trabalho buscou tornar nítido se há uma definição para o termo no campo. Por meio do Procedimento de Interpretação Conceitual de Texto (PICT), analisamos uma amostra da literatura analítico-comportamental e também da obra de B. F. Skinner visando encontrar uma formulação do termo. Notamos que o organismo é um lócus onde convergem múltiplas discussões na análise do comportamento, e que longe de ter um significado unívoco e homogêneo na área, podem ser encontradas pelo menos 10 diferentes concepções do termo em 86 anos de textos da literatura, e ele surge em pelo menos 15 diferentes contextos em 60 anos da obra de Skinner. Dessas 10 IV diferentes concepções encontradas na literatura analítico-comportamental, 9 versavam sobre organismos individuais e uma sobre uma metáfora organísmica de sociedade, e foram divididas em 3 grandes grupos, a depender de como lidavam com o critério demarcador entre organismo e ambiente: concepções morfológicas tomavam a pele como a fronteira relevante, concepções transdermais consideravam tal critério insuficiente e propunham outras alternativas, e concepções aorganísmicas propunham a eliminação do termo. Na obra de Skinner, criamos categorias a partir da leitura dos textos, e após uma descrição de algumas delas, evidenciamos que existem pelo menos três ambiguidades na obra de Skinner quanto ao seu tratamento do organismo, relativas ao critério de demarcação entre organismo e ambiente, ao papel da filogênese na constituição do organismo, e à extensão metafórica do organismo individual como modelo de sociedade. Por fim, sugerimos quatro possíveis critérios para guiar a escolha ou a criação de uma concepção de organismo na análise do comportamento: a pele não é tão importante enquanto uma fronteira, o comportamento surge da atividade do organismo como um todo, mutualidade organismo-ambiente, e o comportamento sempre está certo. A escolha por tais critérios deve-se não ao ineditismo das proposições mas à extensão de suas implicações, pois a atividade científica de organismos delineando concepções de organismos têm consequências temporal e espacialmente distantes para outros organismos, visto que ela pode versar sobre o alcance e os limites desses organismos alterarem e serem modificados pelo mundo.