"Suicídio?! E eu com isso?": representações sociais de suicídio em diferentes contextos de saber

Nome: LORENA SCHETTINO LUCAS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 28/06/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE Suplente Interno
DANIELA REIS E SILVA Examinador Externo
MARIANA BONOMO Orientador
TERESINHA CID CONSTANTINIDIS Examinador Interno

Resumo: No Brasil, as taxas de suicídio aumentaram desde o ano 2000, com aproximadamente 11.000 mortes anuais entre 2012 e 2016. Considerando a magnitude do problema, o suicídio é uma questão de saúde pública ainda pouco abordada no país. Tendo a Teoria das Representações Sociais como orientação teórico-conceitual, este estudo objetivou investigar, a partir da análise da sociogênese das representações sociais, a construção do objeto social suicídio em diferentes contextos de produção de conhecimento. Para tanto, realizou-se 3 estudos complementares, a saber: (i) revisão sistemática de literatura com 88 teses e dissertações de Psicologia, defendidas em Programas de Pós-Graduação no Brasil, entre 1996 e 2017 (Estudo 1); (ii) estudo documental por meio da análise de 2.803 comentários de usuários do Facebook em notícias sobre suicídio, veiculadas por três jornais capixabas (Estudo 2); e (iii) entrevistas com 19 voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV), do posto de Vitória/ES (Estudo 3). Os dados foram analisados através da Classificação Hierárquica Descendente, viabilizada pelo software Alceste, e pela Análise de Conteúdo. Os principais resultados indicaram que o suicídio ainda está em processo de consolidação como objeto de estudo da Psicologia no Brasil, além de demonstrarem lacunas em relação às estratégias de prevenção psicológicas fora do contexto clínico. O campo representacional do suicídio, por sua vez, demonstrou-se organizado em três representações sociais principais: o suicídio como questão religiosa, como fenômeno associado às novas gerações, e como ato egoísta que influenciaria diretamente na vida cotidiana dos cidadãos no estado do Espírito Santo (ao gerar supostos gastos financeiros e ao impedir o fluxo do trânsito, por exemplo). Os sentimentos em relação ao tema são ambivalentes, principalmente entre os voluntários do CVV, sendo predominantemente negativos quando se referem ao ato do suicídio e majoritariamente positivos quando relativos ao trabalho de prevenção realizado pela instituição. Discute-se a sociogênese das representações sociais a partir de seu campo constitutivo e de suas diferentes funções. Em referência à objetivação, observou-se que a concretização da imagem do suicídio como pecado está ancorada na dimensão religiosa. Essa ancoragem no pensamento religioso parece orientar duas tomadas de posição diferentes: por um lado, existe a condenação do ato suicida pautada na moral cristã e, por outro, há a abstenção do julgamento moral baseada nos ideais de solidariedade e amor ao próximo pregados pelas religiões. Há também a objetivação do suicídio a partir da imagem do adolescente fraco, que origina-se através da sua ancoragem no conflito entre diferentes gerações. Discute-se também a relação entre o suicídio como objeto de estudo, como objeto social e como objeto de representação social. Espera-se que a presente pesquisa contribua para a ampliação do debate sobre o assunto, tendo em vista a necessidade de ressignificação de práticas que ainda remetem o suicídio ao lugar de tabu social, comprometendo sua abordagem na esfera pública e a sua constituição como questão social reconhecida nas diferentes instâncias da vida social.

Palavras-chave: suicídio; representações sociais; Psicologia; Psicologia Social; prevenção do suicídio; mídia; redes sociais; Centro de Valorização da Vida.

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