Quando penso em mim, penso no CAPS: o Cuidado de Si frente às vivências de profissionais da saúde mental
Nome: LUCIANA NASCIMENTO MERÇOM
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 20/08/2020
Orientador:
Nome |
Papel |
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| TERESINHA CID CONSTANTINIDIS | Orientador |
Banca:
| Nome |
Papel |
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| BRUNA LIDIA TANO | Examinador Externo |
| LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR | Examinador Interno |
| MEYRIELLE BELOTTI | Suplente Externo |
| TERESINHA CID CONSTANTINIDIS | Orientador |
| THIAGO DRUMOND MORAES | Suplente Interno |
Resumo: O profissional de saúde mental se encontra no centro da Reforma Psiquiátrica Brasileira, movimento que amplia o olhar sobre a loucura, traz novas formas de trabalho e uma série de debates e desafios. Como dispositivo substitutivo aos hospitais psiquiátricos, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é o serviço responsável por prestar atendimento clínico diário, promover a inserção social das pessoas em sofrimento psíquico e é fundamental nessa modalidade de atenção. A nova proposta do modelo assistencial em saúde mental preza por uma rede de cuidados, cuja organização exige complexa estrutura de serviços comunitários, articulados a recursos territoriais, culturais, sociais. A produção de cuidado em saúde mental convoca, para além de uma postura atenciosa para com o outro, ao entendimento de si como alguém que também necessita de atenção e também se constrói a partir da relação com aquele de quem cuida. É nessa trama que a noção foucaultiana de Cuidado de Si se torna útil, como condição para o cuidado do outro. O Cuidado de si aqui é entendido como um processo de construção do sujeito trabalhador, por meio da adoção de uma postura crítica que visa a construção e transformação de práticas, onde a partir do exercício sobre si, o profissional passa a gerir-se e construir formas de ser e estar no mundo. Com o objetivo de compreender o cuidado de si de profissionais de saúde mental a partir do trabalho realizado em CAPS, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dezoito trabalhadoras de quatro CAPS da cidade de Vitória - ES. Os relatos das entrevistas foram analisados a partir da análise de conteúdo, na modalidade temática. Foram encontradas regularidades discursivas, delineadas pelo núcleo de sentido do conteúdo das falas das participantes, que apontaram dois temas: O trabalho no CAPS e Cuidado e cuidado de si. Os resultados mostraram que o trabalho realizado nos CAPS é complexo e intenso, mobilizador de sentimentos de prazer e sofrimento e convoca o trabalhador a constante análise de si, de seu posicionamento em relação ao outro na produção de cuidado e na reconstrução de práticas. Além disso, observou-se também que os profissionais compreendem a importância do cuidado que dispensam ao usuário e possuem a percepção de que é necessário cuidar de si para melhor cuidar do outro. Apesar de empreenderem algumas estratégias para o cuidarem de si, as profissionais apontam que existem poucos espaços de cuidado de si nos serviços. Os espaços coletivos são entendidos como fortalecedores do trabalho, mas são também desafiadores, pois convocam a troca de saberes e construção de estratégias coletivamente. Ao falar de seu trabalho, as profissionais falam de si mesmas e ao pensarem e construírem a si mesmas através do cuidado de si, elas pensam e constroem uma forma de estar no CAPS.
