AS TRANSIÇÕES DE CARREIRA DE MULHERES: A EXPERIÊNCIA DO
TRABALHAR E AS BARREIRAS DE CARREIRA
Nome: JULIANA BERZIN
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 23/09/2022
Orientador:
Nome | Papel |
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AGNALDO GARCIA | Orientador |
PRISCILLA DE OLIVEIRA MARTINS DA SILVA | Co-orientador |
PRISCILLA DE OLIVEIRA MARTINS DA SILVA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE | Examinador Interno |
LETICIA DIAS FANTINEL | Suplente Externo |
LÍGIA CAROLINA OLIVEIRA SILVA | Examinador Externo |
MARCELO AFONSO RIBEIRO | Examinador Externo |
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO | Suplente Interno |
Páginas
Resumo: RESUMO
As mudanças no mundo do trabalho no século XXI configuram uma realidade de globalização e inovação tecnológica, marcada pela flexibilização e precarização do trabalho. A imprevisibilidade e a descontinuidade marcam as novas relações de trabalho entre os indivíduos e as organizações, tornando-se menos definidas e estáveis. Em um cenário de redefinição do trabalho, as transições e escolhas ao longo da carreira se ampliam e o olhar se volta ao indivíduo inserido em seu contexto. O enfoque então se amplia para aqueles excluídos dos estudos de carreira tradicionais, incluindo as barreiras relacionadas ao gênero. Dessa forma, a presente tese tem como objetivo compreender a experiência do trabalhar e a transição de carreira de mulheres com diferentes níveis de qualificação profissional, sob a ótica das teorias
Psicologia Relacional do Trabalho e Psicologia do Trabalhar. As teorias em conjunto permitem uma análise complementar ao fenômeno, na medida em que a Teoria do Trabalho Relacional concebe o trabalho inserido em uma experiência relacional e contextualizada, abrangendo todos os domínios da vida, privilegiando os aspectos relacionais da carreira de mulheres. Já a
Psicologia do Trabalhar propõe o entendimento das barreiras relativas ao trabalho decente e propõe a análise do gênero como um fator determinante, enfatizando o nível de escolhas e a volição na carreira. Realizou-se um estudo qualitativo e descritivo com casos múltiplos. Foram entrevistadas mulheres de 25 a 49 anos, com histórico de transição de carreira em sua trajetória profissional nos últimos cinco anos, residentes nas região Sul e Sudeste, divididas em dois grupos. No primeiro grupo foram entrevistadas mulheres com perfil profissional com formação de nível superior (formação superior e pós-graduação) e no segundo grupo foram entrevistadas mulheres com o perfil profissional sem formação superior. Em cada grupo 12 mulheres foram
entrevistadas, conforme critério de saturação dos dados. Foi empregada a entrevista narrativaepisódica e o procedimento de análise de dados ocorreu por meio da análise de conteúdo categorial temática. A análise dos resultados sugere que a dimensão gênero é essencial para a compreensão da carreira de mulheres e a experiência do trabalhar. Além disso, permite verificar
que as diferenças entre os variados perfis estão relacionadas ao maior nível de recursos para enfrentar os desafios, incluindo o suporte social necessário. As transições de carreira estão presentes nos relatos, com ciclos mais curtos observados no grupo sem formação superior, sendo a adaptabilidade de carreira um recurso psicossocial fundamental para o desenvolvimento de novas estratégias. As barreiras relacionadas ao gênero representam obstáculos desafiadores, sendo um condicionante para o trabalhar, determinando inclusive os limites das carreiras das mulheres. Apesar das dificuldades, a volição enquanto percepção de escolha, está presente e a necessidade de autodeterminação é o que motiva a transição de carreira das mulheres. Os aspectos relacionais dentro e fora do trabalho, como dimensões interconectadas, se expressam pela conexão social com o trabalho e o suporte social necessários para o desenvolvimento da carreira de mulheres. No trabalho, quando as relações profissionais apoiam, são fonte de aprendizado e oportunidade e senso de pertencimento. Já o contexto relacional mais amplo envolve a família, presente nas decisões como um todo, em especial a
partir da maternidade. Conclui-se que o trabalho decente na experiência das mulheres se caracteriza como um ideal a ser alcançado, com atributos peculiares ao contexto brasileiro. O movimento constante baseado na necessidade de se reinventar, construir novas alternativas, de eliminar o sofrimento no trabalho, aponta para uma transformação do que é possível em direção ao ideal almejado. Dessa forma, além de relacional, o trabalhar está em movimento constante de adaptabilidade, com o objetivo de experienciar o bem-estar e a realização no trabalho.
Palavras-chave: trabalho feminino, psicologia do trabalhar, trabalho relacional, transição de
carreira