Violência psicológica nos relacionamentos amorosos: um estudo de representações sociais

Nome: BEATRIZ MOTTA NEVES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 19/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
DANIEL HENRIQUE PEREIRA ESPINDULA Examinador Externo
POLLYANA DE LUCENA MOREIRA Examinador Interno
REBECA VALADÃO BUSSINGER Examinador Externo
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO Orientador
SIBELLE MARIA MARTINS DE BARROS Suplente Externo

Resumo: A existência de relacionamentos amorosos abusivos denuncia o predomínio de uma relação hierárquica e desigual entre os gêneros, que pode legitimar a ocorrência de violência e discriminação, bem como o lugar de subordinação insistentemente atribuído às mulheres. A violência contra a mulher, assim, inclui-se dentro da categoria de violência de gênero, que se perpetua de diversas formas dentro da sociedade. Porém, ações mais sutis, tais como chantagens, humilhações, xingamentos e manipulações, que caracterizam uma forma de violência, nem sempre são compreendidas como abusivas, sendo constantemente naturalizadas. O presente trabalho, sob a ótica da Teoria das Representações Sociais, propôs-se a investigar compreensões sobre gênero e violência contra a mulher, com foco na violência psicológica, bem como estratégias de enfrentamento utilizadas pelas mulheres em casos de relacionamentos abusivos e/ou violentos. O estudo 1 teve como objetivo geral investigar representações sociais de violência contra a mulher, com foco em violência psicológica, e representações socias de gênero contidas em matérias jornalísticas que tratavam sobre relacionamentos abusivos, bem como verificar se tais matérias jornalísticas faziam referências a estratégias de enfrentamento à violência contra a mulher. Consistiu em uma pesquisa documental, que foi realizada tendo como fonte de dados 222 matérias da Revista Istoé, do período entre 2012 e 2021, selecionadas por meio dos termos de busca “violência contra a mulher”, “violência psicológica” e “violência de gênero”. O estudo 2 envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas com 16 participantes visando investigar representações sociais de violência contra a mulher, com foco em violência psicológica, de mulheres que já vivenciaram e/ou vivenciam um relacionamento abusivo, bem como estratégias de enfrentamento por elas relatadas. Além das questões apresentadas verbalmente, o roteiro de entrevista compreendeu, num primeiro momento, duas questões que utilizaram charges com a finalidade de introduzir a temática de interesse e deixar que as participantes falassem livremente sobre o que pensavam sobre os conteúdos das imagens. O material proveniente da pesquisa documental e das entrevistas foi submetido ao processamento do software IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) e, de modo complementar, também foi empregada a técnica de análise de conteúdo temática em ambos os estudos (exclusivamente no conjunto de matérias selecionado com base no descritor violência psicológica; e nas perguntas do roteiro de entrevista semiestruturada que utilizaram recursos visuais). Como resultados do estudo 1, destacam-se: as reportagens que abordavam a violência contra a mulher focavam, sobretudo, em aspectos criminais, estatísticos, e em casos envolvendo pessoas conhecidas no meio midiático; as reportagens não trouxeram uma conceituação explícitaacerca de gênero, mas algumas indicaram aspectos culturais e sociais relacionados à ocorrência de violência contra a mulher; as estratégias de enfrentamento foram descritas predominantemente associadas a ações legais/punitivas. Em relação os achados do estudo 2, foram identificados conteúdos de representações sociais de gênero e de violência contra a mulher sustentados em aspectos socioculturais, que indicam relações hierárquicas de poder entre homens e mulheres. As mulheres entrevistadas relataram utilizar diferentes estratégias frente ao contexto de violencia, sendo algumas de âmbito mais individual (busca de informações e aproximação com pautas feministas por meio de leituras, por exemplo), enquanto outras envolviam busca de ajuda por meio de suporte social e/o u profissional. No que diz respeito às significações de violência psicológica, constatou-se que, tanto as matérias (estudo 1) quanto as entrevistas (estudo 2) não trouxeram propriamente uma definição conceitual a este respeito, enfocando mais em práticas que caracterizavam esse tipo de violencia (desqualificação, ameaças, manipulações, gritos, humilhações, xingamentos, entre outras). Destaca-se que o fenômeno da violência psicológica é de difícil abordagem e que, por tal motivo, foi necessário percorrer um caminho indireto para tentar acessá-lo. No entanto, considera-se um avanço, em alguma medida, que essa tipologia tenha sido mencionada nas matérias de revista analisadas e que as participantes tenham demonstrado conseguir identificá-la dentro das experiências narradas. Espera-se que a presente investigação, que tentou trazer mais algumas pistas sobre o fenômeno da violencia psicológica nos relacionamentos amorosos, sirva de pontapé para novas abordagens teóricas e metodológicas sobre o tema, auxiliando no preenchimento das lacunas ainda existentes. Palavras-chave: Violência contra a mulher. Gênero. Violência Psicológica. Relacionamentos abusivos. Teoria das Representações Sociais.

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