GÊNERO E TRABALHO: VIVÊNCIAS DE PRAZER E SOFRIMENTO DE
MULHERES EM CARGOS DE GERÊNCIA NO SETOR BANCÁRIO
Nome: ANDREZA DIAS JEVAUX
Data de publicação: 15/02/2023
Banca:
Nome | Papel |
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MARIA ELISA SIQUEIRA BORGES | Examinador Externo |
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO | Examinador Interno |
THIAGO DRUMOND MORAES | Presidente |
Resumo: As vivências das mulheres são atravessadas por relações entre os gêneros que perpassam o
contexto laboral a partir da divisão sexual do trabalho, no qual os cargos inferiores e de menor
valorização são designados às mulheres, que enfrentam desafios a fim de alcançar e ocupar
cargos de gerência nas organizações. Tendo em vista que o trabalho e suas relações impactam
na constituição da saúde mental dos sujeitos, fez-se necessário investigar os processos de
prazer-sofrimento e saúde-doença vivenciados por trabalhadoras em posição de gerência. O
setor bancário apresenta-se como um campo rico para investigar essas vivências das
trabalhadoras pois, além das características particulares do trabalho bancário, a presença de
mulheres no setor é cada vez maior. Em vista disso, o presente estudo buscou investigar as
vivências de prazer e sofrimento experenciadas por mulheres em cargo de gerência no setor
bancário, bem como as possíveis relações com o processo saúde-doença. A pesquisa apoiou-se
no referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho, elaborado por Christophe Dejours. Para
tal, foram realizadas entrevistas individuais com roteiro semiestruturado com 15 gerentes do
setor bancário do Espírito Santo. Os dados coletados foram transcritos integralmente e
submetidos à Análise de Conteúdo, originando três grandes eixos: contexto do trabalho;
psicodinâmica do trabalho; e conflito trabalho-família e processo saúde-doença. Os resultados
encontrados indicaram o excesso de trabalho e de tarefas desempenhadas, e a gestão de metas
e produtividade como geradores de sofrimento e adoecimento no trabalho, assim como
questões relacionadas ao gênero, como a dupla jornada, as discriminações, o conflito trabalho
família e as oportunidades de ascensão de carreira. As estratégias de defesa apareceram como
principal ferramenta para minimizar o sofrimento no trabalho, enquanto as mobilizações
subjetivas foram significativamente menos utilizadas pelas trabalhadoras. As vivências de
prazer estavam associadas à produção de sentido do trabalho por meio do engajamento
subjetivo na realização das tarefas, fonte de realização e fortalecimento da identidade.