NORMA E CONTRANORMA: Um Estudo Estrutural de Representações Sociais sobre Monogamia e Não Monogamia

Nome: VANESSA SANTA ROSA MAZZEI

Data de publicação: 13/03/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANTÔNIO MARCOS TOSOLI GOMES Examinador Externo
RAFAEL MOURA COELHO PECLY WOLTER Examinador Interno
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO Presidente

Resumo: As sociedades estão permeadas de normas e prescrições que as organizam e ditam o que pode ou não ser feito. No Ocidente, mais especificamente no Brasil, uma das normas hegemônicas de organização social é a norma monogâmica. A monogamia pode ser compreendida como um sistema de organização familiar no qual cada pessoa possui exclusivamente uma única companheira ou companheiro. Além disso, a monogamia molda e delimita as relações íntimas e afetivas, exercendo um papel crucial na formação e interligação dos grupos sociais. Ela estabelece diretrizes sobre como, quando, com quem e de que maneira é aceitável sentir, desejar e amar. Contudo pesquisas já demonstraram que a monogamia não é natural nem mesmo entre os mamíferos, evidenciando que esse é um fenômeno construído socialmente. Atualmente o questionamento sobre a monogamia tem ganhado mais espaços sociais e contribuído para a formação de grupos e práticas que se opõem aos ideais monogâmicos. O fenômeno contranorma da não monogamia constitui um espectro de arranjos de relações, ideais e práticas que se opõem, em alguma medida, à norma monogâmica. Com um olhar amparado na Teoria das Representações Sociais, a partir da sua abordagem estrutural, o presente trabalho pretendeu analisar a representação social de monogamia e não monogamia para dois grupos distintos pessoas que se reconhecem como monogâmicas e pessoas que se reconhecem como não monogâmicas e investigar a relação que a norma e a contranorma possuem entre elas, e entre seus grupos. A pesquisa foi dividida em dois estudos complementares que utilizaram de técnicas específicas da Teoria do Núcleo Central. No primeiro estudo, exploratório, foi feita coleta de dados a partir de tarefa de evocação livre de cinco palavras, realizada on-line, através do GoogleForms, com três termos indutores: 1) relacionamento romântico; 2) relacionamento não monogâmico; e 3) relacionamento monogâmico; e participaram da coleta 189 pessoas não monogâmicas e 124 pessoas monogâmicas. Com os dados obtidos, foram realizadas análises prototípicas, através do software de análise lexical IRAMUTEQ. O segundo estudo, de caráter confirmatório, foi realizado com 140 pessoas monogâmicas e 140 pessoas não monogâmicas. A coleta foi realizada on-line, através do GoogleForms. Foram utilizadas duas técnicas de confirmação de centralidade e estrutura, Mise-en-cause e Choix-par-bloc. Os resultados dos estudos foram analisados em conjunto na discussão. Tais resultados indicaram a não existência de representação social estruturada sobreo objeto relacionamento monogâmico tanto para pessoas monogâmicas quanto para pessoas não monogâmicas. Já o objeto relacionamento não monogâmico apresentou estrutura com centralidade confirmada. Concluímos que: 1) a monogamia, representada pelo objeto relacionamento monogâmico, pode ocupar outro lugar na hierarquia da arquitetura do pensamento social, estando no nível ideológico, e não representacional; 2) uma ideologia tem a capacidade de oferecer tanto incentivos para sua aceitação e internalização quanto motivos para sua rejeição e oposição; 3) uma RS não autônoma parece poder depender de uma RS principal antagônica, e não necessariamente de uma RS da qual ela se aproxima. Ademais, destacamos a importância de se olhar com atenção para as características do fenômeno e dos grupos estudados, para além da interpretação dos dados.

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