TREINO DE HABILIDADES DE ENFRENTAMENTO PÓS-ALTA: um programa para dependentes químicos e seus cônjuges
Nome: JAQUELINE VAGO FERRARI
Data de publicação: 30/09/2024
Banca:
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Papel |
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ADRIANA MADEIRA ALVARES DA SILVA | Examinador Interno |
AGNALDO GARCIA | Examinador Externo |
ELIZEU BATISTA BORLOTI | Presidente |
ITAMAR JOSÉ FÉLIX JUNIOR | Examinador Externo |
ROSANA SUEMI TOKUMARU | Examinador Interno |
Resumo: Esta tese conduziu uma investigação que planejou, estruturou, implementou, testou e avaliou
a eficiência de uma intervenção direcionada a casais em que um dos cônjuges é dependente
químico, formulada a partir da base procedimental do Treino de Habilidades de
Enfrentamento.. A pesquisa foi dividida em três estudos interligados, cada um com objetivos
específicos e metodologias complementares. O primeiro estudo conduziu uma revisão
sistemática da literatura focada nos procedimentos, temas, técnicas, métodos e instrumentos
utilizados no treinamento de habilidades de enfrentamento aplicado a dependentes químicos.
O levantamento, realizado com base no PRISMA Statement, utilizou termos como "coping
skills", "drug addiction", "clinical trial" e "program" em bases de dados como PubMed e
BVS. Os resultados indicaram que o guia de Monti et al. (1989) é a principal referência para
o desenvolvimento desse tipo de treino. As técnicas mais comuns incluem análise funcional
do comportamento, automonitoramento, instrução direta, ensaio comportamental e
modelagem, com ênfase na individualização dos tratamentos para abordar situações-gatilho e
habilidades sociais idiossincráticas. Além disso, as sessões psicoeducativas são destacadas
por sua importância na promoção da autocrítica e na ampliação do conhecimento dos
participantes sobre como lidar com situações de alto risco para o uso de substâncias. O
segundo estudo descreveu o planejamento, a implementação e o monitoramento de um
programa pós-internação voltado para dependentes químicos e seus cônjuges, denominado
“(En)frente: treino de habilidades para cônjuges”. O programa foi baseado no treinamento de
habilidades de enfrentamento e incluiu a participação de 8 casais heterossexuais, onde os
maridos eram dependentes de álcool e/ou cocaína. A coleta de dados utilizou questionários,
entrevistas estruturadas e registros de sessão, analisados tanto qualitativamente quanto
quantitativamente. Os resultados identificaram temas recorrentes como estados emocionais,
dúvidas sobre como agir em situações adversas, dificuldades nos relacionamentos, estilo de
vida e expectativas em relação ao tratamento. A taxa de abstinência observada foi de 50%. O
programa demonstrou ser suporte para os casais no enfrentamento dos desafios pós-alta,
ampliando a gestão emocional e a adaptação comportamental. O terceiro estudo avaliou a
eficiência do (En)frente. Este programa, composto por 11 sessões semanais de 90 minutos e
uma sessão de follow-up, foi aplicado a dependentes químicos e suas esposas. A análise dos
dados pré e pós-intervenção mostrou um aumento significativo no repertório de habilidades
de enfrentamento, como assertividade, planejamento para situações de alto risco, expressão
de sentimentos positivos e autocontrole emocional. Essas melhorias impactaram
positivamente a autoeficácia dos participantes para lidar com situações sociais e positivas
associadas ao uso de substâncias. No entanto, não foi encontrada uma relação significativa
entre essas habilidades e o controle de preocupações, emoções negativas e fissura. A
satisfação dos participantes com o programa e o aumento do conhecimento sobre estratégias
de enfrentamento e aquisição das mesmas habilidades. Esses estudos, ao serem analisados em
conjunto, reforçam a importância de personalizar programas de treino de habilidades de
enfrentamento e a inclusão de cônjuges no processo terapêutico, além de fornecer evidências
empíricas quanto à eficiência dessas abordagens no tratamento de dependência química.