O conteúdo desse portal pode ser acessível em Libras usando o VLibras

O cuidado em saúde mental infantojuvenil em municípios interioranos e sem Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij): desafios, experiências e caminhos para a atenção psicossocial infantojuvenil brasileira

Nome: IAGOR BRUM LEITÃO

Data de publicação: 27/03/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BRUNA LIDIA TANO Examinador Interno
LUCIANA BICALHO REIS Examinador Interno
LUZIANE ZACCHE AVELLAR Presidente
MARIA CRISTINA VENTURA COUTO Examinador Externo
PATRICIA SANTOS DE SOUZA DELFINI Examinador Externo

Resumo: A tese teve como objetivo analisar criticamente a atenção psicossocial infantojuvenil no Brasil,
com destaque para o cuidado em saúde mental infantojuvenil (SMIJ) vivenciado por
municípios de interior, de pequeno ou médio porte, e desprovidos de Centros de Atenção
Psicossocial Infantojuvenil (CAPSij). Contém cinco artigos, sendo três revisões de literatura
(narrativa, integrativa e de escopo) e dois estudos de campo qualitativos. A combinação de
revisões e estudos de campo teve o intuito de proporcionar uma análise que transita do contexto
mais geral (realidades no plural) ao específico (um município em particular). O primeiro artigo
mostra que os desafios brasileiros, como o vazio assistencial, as disparidades regionais, o baixo
investimento público e práticas medicalizantes que divergem de marcos regulatórios e
diretrizes norteadoras, são compartilhados por outros países da América Latina e Caribe. Os
serviços de SMIJ são escassos ou inexistentes em muitos países da região, especialmente em
municípios do interior, forçando famílias a buscarem cuidado em centros urbanos. O Brasil se
destacou como o único país analisado a possuir um serviço estratégico para a SMIJ, o CAPSij,
uma política pública pioneira e sem equivalentes. No entanto, apesar de sua relevância, sua
implantação ainda é limitada. O segundo artigo revelou que, em municípios desprovidos de
CAPSij, o cuidado tende a ocorrer por meio da “pessoalização do cuidado”, quando um único
profissional assume a maior parte das demandas, atuando de forma sobrecarregada e solitária.
As principais dificuldades no cuidado incluem alta rotatividade de profissionais, abordagens
centradas na dinâmica queixa-conduta e falta de intersetorialidade e regionalização efetiva. O
terceiro artigo investigou o cuidado em SMIJ no município de São Mateus, de médio porte,
localizado no interior e desprovido de CAPSij. Descobriu uma pactuação local que estabeleceu
uma “Equipe Multiprofissional em Saúde Mental” como serviço-referência para demandas de
SMIJ. Contudo, tem operado de forma ambulatorial e precarizada, sem desempenhar papel de
articulador na rede de cuidados. Apesar do município contar com 28 Unidades Básicas de
Saúde em funcionamento, não houve menção significativa de ações voltadas à SMIJ nessas
unidades. A alta rotatividade de profissionais e a fragilidade dos vínculos trabalhistas também
emergiram como barreiras principais. O quarto artigo evidenciou que os itinerários terapêuticos
de crianças e adolescentes com necessidades em saúde mentalsão fragmentados, com o CAPSij
sendo considerado pelos usuários e família como o serviço mais confiável entre os demais da
Rede de Atenção à Saúde e Psicossocial. Barreiras como a falta de recursos humanos, o excesso
de encaminhamentos e abordagens desumanizadas nos sistemas de urgência e hospitalar foram
destacadas. A revisão também evidenciou a ausência de estudos sobre itinerários em SMIJ em
cidades sem CAPSij. Essa lacuna é relevante, dado que mais de 60% dos municípios brasileiros
com critério populacional para esse serviço ainda não o possuem. O quinto artigo analisou os
itinerários terapêuticos de crianças e adolescentes atendidos pela “Equipe Multiprofissional em
Saúde Mental” no mesmo município abordado pelo terceiro artigo. Constatou a escola como
principal ponto de detecção inicial de demandas em SMIJ. Corroborou que a “Equipe
Multiprofissional em Saúde Mental” operou como principal recurso local, mas com limitações
relacionadas à rotatividade de profissionais e atuação majoritariamente ambulatorial. Além
disso, a Atenção Básica mostrou participação limitada nos itinerários investigados, com as
Unidades Básicas de Saúde utilizadas principalmente como ponto para encaminhamentos. A
tese enfatiza que o paradigma psicossocial, embora normativo na política de SMIJ, ainda
enfrenta desafios em sua implementação, e isso pode ser ainda mais acentuado em municípios
que não possuem o principal dispositivos estratégicos da atenção psicossocial infantojuvenil.
Defende que a efetividade da rede de SMIJ em municípios sem CAPSij requer um dispositivo
local com mandato público claro, que vá além da absorção de casos para si. A história da SMIJ
no Brasil é marcada por avanços não lineares, frequentemente interrompidos. Sem agentes que
articulem essa pauta, a agenda perde força. Assim, é essencial que esse mandato seja
caracterizado por impulsionar ações em rede, especialmente na Atenção Básica ou em sinergia
com ela, superando a lógica ambulatorial e promovendo práticas alinhadas à clínica ampliada
e à atenção psicossocial infantojuvenil.

Acesso ao documento

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.