A LIBERTAÇÃO COMO POSSIBILIDADE: APROXIMAÇÕES DO CONCEITO DE CONSCIÊNCIA CRÍTICA DOS ESTUDOS DE CARREIRA SOB A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA DO TRABALHAR NO BRASIL
Nome: PÂMELA FARDIN PEDRUZZI
Data de publicação: 01/03/2024
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE | Presidente |
| FERNANDA MENDES PIRES | Examinador Externo |
| MANOELA ZIEBELL DE OLIVEIRA | Examinador Externo |
| MARCELO AFONSO RIBEIRO | Examinador Externo |
| PRISCILLA DE OLIVEIRA MARTINS DA SILVA | Examinador Interno |
Resumo: Pedruzzi, P. F. (2024). A libertação como possibilidade: aproximações do conceito de consciência crítica dos estudos de carreira sob a perspectiva da psicologia do trabalhar no Brasil. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
As fragilidades e precarizações das experiências de trabalhar implicam em reflexões compulsórias e inevitáveis, especialmente ao considerar o trabalho como uma necessidade básica e fundamental para as pessoas. A Psicologia do Trabalhar propõe uma perspectiva inclusiva acerca dos estudos de carreira. Assim, um dos esforços da teoria se refere ao entendimento dos efeitos das variáveis contextuais (restrições econômicas e marginalização) e individuais (volição e adaptabilidade de carreira) no acesso ao trabalho decente. Assim, a consciência crítica é teorizada como moderadora, tendo o potencial de atenuar o impacto negativo entre as relações preditoras. Localizada a partir da obra de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, a consciência crítica é definida como a capacidade dos indivíduos de reconhecer estruturas opressoras presentes em sua realidade e agir de maneira coerente com a produção de transformação social. Esta tese tem como objetivo investigar o papel da consciência crítica de trabalhadores brasileiros no acesso ao trabalho decente, ao considerar a ótica do modelo teórico da Psicologia do Trabalhar. Três estudos são propostos para abarcar tal objetivo. O primeiro artigo visou apresentar a definição de consciência crítica, contextualizando-a com base na teoria freiriana e realizando interlocuções com o contexto de trabalho brasileiro e os estudos de orientação profissional e de carreira. Junto a isso, buscou-se avaliar e analisar possíveis implicações para as investigações do construto, sob perspectivas epistemológicas, psicométricas e para a área de orientação profissional e de carreira no Brasil e internacionalmente. O segundo estudo adaptou e investigou as evidências de validade da versão brasileira da Escala de Consciência Crítica para trabalhadores brasileiros. A amostra foi constituída por 554 trabalhadores brasileiros, sendo a maioria mulheres, com 35,8 anos em média (DP = 14,3). Os dados foram verificados a partir de análises fatoriais exploratórias e confirmatórias, além também de confiabilidade e invariância do modelo. O instrumento apresentou uma estrutura com três dimensões, sendo reflexão crítica (=0.93; =0.93); responsabilidade crítica (=0.73; =0.77) e ação crítica (=0.84; =0.85) e invariância parcial em grupos divididos a partir do gênero, classe social subjetiva e escolaridade. Foram apresentadas recomendações e cautelas necessárias frente a utilização do construto, bem como direcionamentos acerca da aproximação da teoria freiriana de investigações psicométricas. O terceiro artigo objetivou verificar o papel moderador da consciência crítica na relação entre as variáveis preditoras do trabalho decente no modelo da psicologia do trabalhar. Para isso, foram investigados o efeito da moderação das dimensões de consciência crítica nas relações entre as variáveis contextuais, individuais e o trabalho decente, com os mesmos participantes do segundo artigo. As três dimensões de consciência crítica apresentaram moderação significativa entre algumas relações de predição, suportando em parte as hipóteses do artigo. Acredita-se que a partir dos três artigos foi possível ampliar as discussões na realidade brasileira acerca da promoção de trabalho decente, especialmente ao descrever as experiências de trabalho através da contribuição da noção de consciência crítica, conceitualizada por Paulo Freire, junto da lógica inclusiva da psicologia do trabalhar.
