Refugiados Sírios no Brasil: Identidade Social e Direitos Humanos

Nome: CARLOS ANTONIO MASSAD CAMPOS

Data de publicação: 14/08/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
BEATRIZ DE BARROS SOUZA Examinador Externo
EDINETE MARIA ROSA Presidente
GILSILENE PASSON PICORETTI FRANCISCHETTO Examinador Externo
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Examinador Interno
ZEIDI ARAUJO TRINDADE Examinador Externo

Resumo: A tese teve como objetivo analisar os processos de integração de refugiados sírios na sociedade
brasileira sob a ótica da teoria da identidade social, em diálogo com a questão dos direitos
humanos. Foi estruturada no formato de três estudos complementares, que aqui estão
apresentados no formato de dois artigos científicos (Artigo I e II) e um capítulo de livro (Capítulo
de livro I). O primeiro artigo teve como objetivo analisar pesquisas científicas cujo tema central
tenham sido os refugiados sírios no Brasil, destacando seus aspectos metodológicos e suas
principais contribuições científicas e sociais. Os resultados foram organizados em cinco grupos
temáticos: 1) As experiências de refúgio do ponto de vista da inserção social. 2) As políticas de
acolhimento, legislação e políticas sobre refúgio. 3) O trabalho. 4) A aprendizagem da língua
portuguesa. 5) A questão da religião. Os resultados apontam que apesar da relação histórica de
entrada de imigrantes sírios no país, o preconceito e a xenofobia continuam a apresentar-se como
problemas nas relações intergrupais que envolvem este grupo populacional. O capítulo de livro
teve como objetivo discutir o conceito de grupos e sua aplicabilidade para a compreensão do
processo de integração de refugiados sírios no Brasil. A leitura de autores da psicologia social
possibilitou a reflexão sobre as seguintes perguntas norteadoras: os sírios que ingressaram no
Brasil com status de refugiado constituem um grupo? Eles podem ser estudados como um grupo
ou são apenas um agregado social unido pelo sofrimento comum causado pela guerra civil? Os
textos analisados permitiram demonstrar que a interseção entre os conceitos de grupo, identidade
social, ação coletiva, normas, estruturas de poder e a crítica à generalização oferece uma
abordagem abrangente para a compreensão da questão dos refugiados sírios no Brasil. A análise
ressalta a importância da formação de grupos que promovam solidariedade e mobilização, ao
mesmo tempo em que reforça as complexidades e os desafios singulares enfrentados por cada
refugiado. Ademais, mesmo quando considerados como um grupo, as reflexões sobre os
refugiados sírios no Brasil devem levar em conta sua diversidade cultural e social que, embora
compartilhe uma origem comum, abrange um mosaico de experiências e identidades. Já o artigo
II teve como objetivo compreender os processos identitários e as relações intergrupais,
manifestadas por meio de comunicações mediadas por computador, que perpassam a experiência
de acolhida de refugiados sírios no Brasil. Tratou-se de analisar os comentários de uma entrevista
concedida por uma refugiada síria em um programa no Youtube. Adotou-se a netnografia como
estratégia metodológica. A análise dos dados foi feita com o software Iramutec. Para apresentação
dos resultados, foram propostos dois eixos principais, sendo o primeiro eixo formado por duas
classes: Classe 1 e 2 e o segundo formado por duas classes: Classe 3 e 4, que se referem a: (i) A
Classe 1 - Legitimação e valorização da entrevista; (ii) A Classe 2 - Apoio, empatia e
solidariedade; (iii) A Classe 3 - Tensão Identitária e resistência cultural; e (iv) A Classe 4 -
Conflito, religião e diversidade. Os resultados apontam para uma ambiguidade na percepção
sobre os refugiados, em ambiente virtual, revelando, por um lado, práticas de acolhimento e, por
outro, expressões de estranhamento e rejeição. Tais atitudes refletem os conflitos entre
identidades grupais, marcados por diferenças de hábitos, costumes e religião, e impactam
diretamente na possibilidade de os refugiados conquistarem um lugar como sujeitos de direitos
na sociedade de acolhimento. A tese enfatiza que a experiência de refúgio ultrapassa o âmbito
legal, revelando-se como um processo de negociação identitária em contextos de exclusão, no
qual o reconhecimento social se mostra tão essencial quanto os direitos jurídicos assegurados.
Revela como as interações mediadas por computador configuram espaços de disputa simbólica,
nos quais pode-se construir ou negar formas de pertencimento, evidenciando que o
reconhecimento pleno dos refugiados sírios no Brasil depende da articulação entre direitos
humanos e práticas sociais inclusivas.

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