A (NÃO) ESCOLHA DAS ADOÇÕES NECESSÁRIAS: COGNIÇÃO SOCIAL COMO ENFOQUE TEÓRICO E
DISTORÇÕES COGNITIVAS DOS PRETENDENTES

Nome: RODRIGO LUIS SOUZA SILVA

Data de publicação: 19/11/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDINETE MARIA ROSA Presidente
LEANDRA LÚCIA MORAES COUTO Examinador Externo
MARIANE LIMA DE SOUZA Examinador Interno

Resumo: Esta é uma pesquisa qualitativa exploratória descritiva, com o enfoque teórico da cognição
social, cujo objetivo principal é investigar como discursos estereotipados e distorções
cognitivas influenciam na abertura ou resistência de pretendentes à adoção em relação ao
perfil etário das crianças, com ênfase nas adoções necessárias de crianças mais velhas e
adolescentes. Como método para a análise dos dados, optou-se por utilizar a análise temática
de Braun e Clarke (2006), e também o questionário de distorções cognitivas conhecido como
CD-Quest (Oliveira, 2016), utilizado no segundo artigo. Então, foram realizadas entrevistas
com roteiro semiestruturado com dez participantes, divididos em dois grupos: Grupo A, cinco
pessoas interessadas na adoção de crianças de 0 a 4 anos, e Grupo B, cinco interessadas na
adoção de crianças mais velhas, de 6 a 11 anos e/ou adolescentes. No artigo 1, é possível
compreender que as experiências familiares rígidas e conflituosas do Grupo A geraram
percepções idealizadas; medo dos históricos desconhecidos e resistência à adoção de crianças
mais velhas, com predominância de empatia afetiva. Já o Grupo B mostrou maior
flexibilidade cognitiva; empatia compassiva; compromisso ético e crítica aos estigmas
sociais, valorizando a complexidade das trajetórias das crianças e a possibilidade de vínculos
afetivos mesmo em adoções tardias. Já no artigo 2, observou-se o impacto das distorções
cognitivas sobre a possibilidade de adoção de crianças mais velhas ou adolescentes, e os
resultados amparam a proposta de uma distorção denominada “Vinculação por Apagamento
Biográfico”. Essa proposta se refere a uma idealização irreal de uma suposta concepção de
crianças como uma “folha em branco”, sem históricos ou marcas pessoais, no Grupo A. Além
dessa, evidenciou-se a presença de outras distorções cognitivas já conhecidas pela literatura
nos pretendentes à adoção que atuam de forma defensiva diante de inseguranças pessoais,
restringindo a abertura e percepções empáticas a perfis de idade nas adoções necessárias. Em
relação à significação atribuída sobre a adoção pelos participantes, no Grupo A, os dados
revelaram a substituição da gestação inviabilizada e a ocultação do passado da criança,
enquanto no Grupo B, revelaram a compreensão da adoção como ato político e o
reconhecimento da história da criança. Os resultados sinalizam para a necessidade de
estratégias específicas voltadas à preparação dos pretendentes à adoção, incluindo
intervenções psicoeducativas que abordem mitos, medos e preconceitos, assim como políticas
públicas que possam promover a inclusão e a valorização da diversidade familiar. Tais
medidas podem favorecer a construção de vínculos afetivos mais sólidos e garantir uma
integração familiar mais segura e acolhedora.

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