Competência Social e Problemas de Comportamento em Crianças e Adolescentes Com Alteração Vocal

Nome: LÍVIA LIMA RIBEIRO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 07/05/2012
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
EDGAR SCHNEIDER Examinador Externo
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Examinador Interno

Resumo: A alteração vocal na infância/adolescência tem apresentado resultados preocupantes que apontam o problema de voz como um fator de risco ao desenvolvimento humano. Assim, um prejuízo na comunicação oral pode comprometer a competência social e a qualidade de vida do falante. O objetivo desta pesquisa foi verificar as relações entre queixa de alteração vocal, indicadores de competências e problemas de comportamento em crianças e adolescentes. Para tanto, procedeu-se à Validação da versão brasileira do Pediatric Voice-Related Quality-of-Life Survey (Protocolo de Qualidade de Vida em Voz Pediátrico QVV-P), verificando se a presença de uma queixa de alteração vocal interfere na qualidade de vida de crianças/adolescentes e se há relação entre a avaliação vocal realizada por pais/responsáveis e os Escores do QVV-P (Geral, Sócio-emocional e Físico). Uma amostra de 262 pais/responsáveis de crianças/adolescentes com e sem queixa vocal, de ambos os sexos, com idade entre 2 e 18 anos participaram da validação do QVV-P. A correlação entre queixa vocal, indicadores de competências e problemas de comportamento envolveu 103 pais/responsáveis de crianças/adolescentes entre 6-18 anos, que responderam ao Inventário de Comportamentos para Crianças e Adolescentes (CBCL/6-18), dentre os quais, 95 participaram da correlação entre o QVV-P e o CBCL. A coleta ocorreu em duas escolas (particular de Vila Velha e pública de Vitória), consultórios de otorrinolaringologia e em uma clínica-escola com atendimento fonoaudiológico na área de voz, todos localizados no Espírito Santo. Os participantes com e sem queixa vocal foram muito similares quanto à idade média e ao sexo. No QVV-P Escores reduzidos, sobretudo no domínio Físico, foram encontrados em indivíduos com queixa vocal. Houve correlação entre os Escores Geral, Sócio-emocional e Físico do QVV-P e a Avaliação Vocal realizada pelos pais/responsáveis, demonstrando que ao perceberem um prejuízo na qualidade vocal de seus filhos também identificaram menor qualidade de vida em voz. O QVV-P apresentou confiabilidade clínica e científica, nível de reprodutibilidade aceitável e sensibilidade ao tratamento vocal. Quanto às Competências medidas pelo CBCL, os participantes com e sem queixa vocal diferiram em relação às Atividades por apresentarem, respectivamente, perfil não-clínico e borderline, dado que também foi observado entre os participantes do sexo masculino; e na comparação entre os sexos do grupo sem queixa (masculino borderline, feminino não-clínico). O grupo adolescente com queixa foi não-clínico para a Competência em Atividades e para a Escala Total de Competências em oposição ao perfil borderline dos participantes sem queixa vocal. O grupo com queixa vocal apresentou perfil borderline (limítrofe) para Ansiedade/depressão e Queixas somáticas em oposição ao não-clínico do grupo sem queixa; e demonstrou Escores Totais e T superiores nas escalas de Internalização, Externalização e Total. Crianças e adolescentes com e sem queixa vocal diferenciaram-se nos Escores Totais e T quanto às escalas de Internalização, Externalização e Total, bem como em seus domínios: Ansiedade/depressão; Somatização; Problemas de sociabilidade, com o pensamento e com a atenção; Violação de regras; e Agressividade. Crianças com queixa apresentaram perfil borderline para Somatização; e os adolescentes com queixa foram classificados como borderline para Ansiedade/depressão e Somatização. Houve correlação negativa entre os escores Geral e Físico do QVV-P e os Escores Total e T das escalas de Internalização, de Externalização e Total de Problemas Emocionais/Comportamentais do CBCL para o grupo como um todo, independente da presença/ausência de queixa vocal. O QVV-P está validado para o português-brasileiro, e os resultados indicaram que a queixa vocal interfere na qualidade de vida de crianças e adolescentes, havendo relação entre a Avaliação da Qualidade Vocal realizada pelos pais/responsáveis e os Escores do QVV-P. Variáveis do QVV-P e Indicadores do CBCL apresentaram correlação negativa demonstrando que a melhor qualidade de vida em voz de crianças e adolescentes está associada a menor ocorrência de problemas na Competência em Atividades e Total e/ou de comportamentos Internalizantes e Externalizantes. Todos os achados reforçam o pressuposto de que rouquidão na infância não é normal e que, portanto, um problema de voz deve ser diagnosticado e tratado precocemente para minimizar impactos no desenvolvimento que se estendem às áreas afetiva, social e comportamental.

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