'NEM QUE A MORTE OS SEPARE': TRAJETÓRIA DE MÃES DE FILHOS ASSASSINADOS E REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE JUSTIÇA

Nome: REBECA VALADÃO BUSSINGER
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 12/08/2005

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
HELERINA APARECIDA NOVO Orientador
LÍDIO DE SOUZA Examinador Interno
MARIA DE FÁTIMA DE SOUZA SANTOS Examinador Externo

Resumo: O sistema de justiça brasileiro tem se caracterizado, entre outros aspectos, pela morosidade, burocracia na resolução de processos e parcialidade no trato com a população. Tais fatos, associados ao aumento da violência urbana incluindo crimes com graves violações aos Direitos Humanos, cometidos por agentes do Estado, em grupos organizados ou não têm incentivado o sentimento de descrença no sistema de justiça por parte da população, corroborando práticas de justiçamento particular. Em contrapartida, grupos de familiares de vítimas da violência têm surgido para unir forças na luta por justiça e contra a impunidade. Este trabalho se propõe a investigar as representações sociais sobre a justiça a partir de um grupo de mães que tiveram seus filhos assinados. Foram realizadas entrevistas individuais e em grupo com mães integrantes da Associação de Mães e Familiares de Vítimas da Violência do Estado do Espírito Santo (AMAFAVV). Optamos pela entrevista semi-estruturada, utilizando um roteiro em ambos os instrumentos adotados. Os dados revelaram que as representações de justiça do grupo estudado variam de acordo com as circunstâncias. Inicialmente, a inocência dos filhos, comprovada pela investigação dos fatos atrelados ao crime, leva as mães a buscarem por justiça, como prevêem os códigos e as normas legais. Em seguida, a morte dos filhos por assassinato remete às representações sociais de maternidade do grupo pesquisado, em que a reparação ao dano causado pressupõe a vingança pessoal, também incentivada pelo descrédito no sistema da justiça. Por último, e em conseqüência da não compreensão da morte dos filhos, a justiça é abstraída do plano de ações concretas, transferindo a responsabilidade por sua efetivação a um legislador absoluto, Deus. Paradoxalmente, o vazio e o sentimento de incompletude causados pela morte dos filhos determinam não só a fluidez nas concepções de justiça, mas também a motivação para a participação na Associação de mães e na luta contra a injustiça e a impunidade.

PALAVRAS-CHAVE: Violência. Justiça. Mães. Representações sociais.

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