Trajetórias de Vida de Internos do Sistema Carcerário Capixaba: Um Estudo da Rede Significações do Processo de Encarceramento a partir das Práticas Discursivas

Nome: GILEAD MARCHEZI TAVARES
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 03/04/2006
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ADRIANO ROBERTO AFONSO DO NASCIMENTO Examinador Externo
EDINETE MARIA ROSA Examinador Interno
LÍDIO DE SOUZA Examinador Interno
MARIA MARGARIDA PEREIRA RODRIGUES Examinador Interno
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Orientador

Resumo: O estudo da alta incidência de criminalidade violenta entre jovens e do aumento da taxa de encarceramento na atualidade produz reflexões acerca de aspectos da vida social relativos aos processos de exclusão e de reprodução de uma cultura pautada no individualismo exacerbado. Tais reflexões, aliadas às questões penitenciárias históricas e àquelas mais recentes, deram origem ao presente trabalho. Seu objetivo foi conhecer as trajetórias de vida de internos do sistema carcerário capixaba e as perspectivas de futuro desenvolvidas por eles a partir do encarceramento. Foram utilizadas como ferramentas intelectuais as abordagens teórico-metológicas da rede de significações (RedSIG) e das práticas discursivas. Tal suporte auxiliou a análise de conteúdo do corpus da pesquisa e a interpretação dos dados, possibilitando a compreensão de alguns possíveis circunscritores do processo de desenvolvimento que levou os participantes da pesquisa ao encarceramento, assim como do sentido da prisão no mundo em que vivemos. A coleta de dados envolveu quinze internos do Instituto de Readaptação Social (IRS). Foi realizada através de entrevistas orientadas por blocos investigativos, tomados como circunscritores, dos quais emergem características do processo de encarceramento, quais sejam: condição familiar de origem, situação de escolaridade e profissionalização, condição de pré-delinqüência, família constituída, histórias prisionais, momento atual, e perspectivas futuras. Na tentativa de apreender os sentidos produzidos pelos internos para a prisão, seis dos internos já entrevistados na primeira fase foram entrevistados novamente após a passagem de um ano. Tais entrevistas consideraram as práticas discursivas que compuseram os primeiros blocos investigativos, aos quais foram adicionados dois novos blocos: percepção da trajetória de vida e construção de identidade. A interpretação dos resultados obtidos na primeira fase da pesquisa considerou a linha narrativa presente nos blocos de investigação. A interpretação dos resultados da segunda fase se deu a partir da concentração de signos de construção de identidade dos participantes em cada entrevista. Embora esteja apontada a singularidade dos trajetos de vida de cada interno entrevistado, pontos recorrentes podem ser sinalizados para os entrevistados mais jovens (com idade inferior a 30 anos): origens urbanas e pobres, escolaridades baixas, passagens pela política à maioridade, uso de drogas na infância, sem profissionalização, experiências de relacionamento conjugal com presença prematura de filhos, histórias de torturas e maus-tratos em presídios por onde passaram antes da chegada ao IRS. As perspectivas de vida futura apresentam-se de forma inconsistente e, algumas vezes, sem possibilidades de concretização. Os entrevistados mais velhos (com idade superior a 38 anos) apresentavam alguns pontos recorrentes diferenciados em relação aos mais jovens: origens rurais, menos passagens pela polícia na menoridade, e inexistência de uso de drogas na infância> em relação às perspectivas futuras o que aparece é o desejo de retorno à convivência familiar e ao trabalho desenvolvido antes do encarceramento. Por fim, o encarceramento aprendido nas práticas discursivas aparece representado pelo sofrimento, pelo arrependimento, pelo pagamento de dívida e pelo sentimento de desrespeito.

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