'Nem Anjos, Nem Demônios...' Adolescentes Autores de Homicídio: Contexto do Delito e Representações Sociais sobre a Vida Humana

Nome: ALEXANDRE CARDOSO ARANZEDO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 28/08/2006

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELIZABETH MARIA ANDRADE ARAGÃO Examinador Externo
LÍDIO DE SOUZA Orientador
MARIA CRISTINA SMITH MENANDRO Examinador Interno

Resumo: Em virtude de sua complexidade e relevância científica, a violência tem sido objeto de diversos estudos na contemporaneidade. A literatura aponta que adolescentes têm sido mias vítimas de homicídio do que autores de delito. Entretanto, é a participação de adolescentes em atos infracionais que tem demandado maior interesse da sociedade brasileira. O objetivo deste estudo é compreender, a partir da perspectiva dos autores de homicídio, o contexto do delito e as representações sociais sobre a vida humana, por meio da realização de entrevistas junto a 16 adolescentes que cumpriram medida sócio-educativa na Unidade de Intervenção Sócio-Educativa (UNIS), localizada em Cariacica, ES. As entrevistas abordaram os seguintes temas: dados sócio-demográficos; cotidiano dos adolescentes antes da internação; contexto do homicídio, representações sociais sobre a vida humana; significados sobre a morte; reflexões sobre o que fariam se voltassem no tempo; perspectivas de futuro; e um espaço para manifestação livre de idéias que não tenham sido abordada na entrevista. Entre os principais resultados, se observa que a maioria dos homicídios foi cometida em locais públicos, com a presença de cúmplices, contra pessoas conhecidas, com armas de foco e sem consumo de drogas. Entre as motivações alegadas, se encontram: a ameaça de morte por parte da vítima, a defesa da honra; a infração à lei do crime; e crime de mando. Na ocasião do delito, a maioria dos adolescentes morava com o pai e/ou a mãe, tinha freqüentado a escola, trabalhado e não tinha cometido outro ato infracional. Sobre a internação, se constata uma avaliação bastante negativa. Metade dos entrevistados expressou arrependimento por ter cometido o delito ou mudaria de vida, nas perspectivas de futuro indicadas pelos adolescentes, prevalece o desejo de trabalhar e constituir família, mas também o medo de morrer por terem praticado homicídio. Na análise das representações sociais, a partir do valor atribuído pelos adolescentes à vida humana, se verificou uma avaliação positiva de pessoas familiares (mãe, pai irmãos, etc.); e uma avaliação negativa de estupradores, políticos, policiais, homossexuais. Conclui-se que, para a maioria dos participantes, o homicídio foi uma ocorrência circunstancial em suas vidas, visto que não tinham envolvimento anterior com atos infracionais. O delito foi cometido visando solucionar sérios conflitos cotidianos que, em muitos casos, consideram em ameaças á vida, mas os adolescentes informaram que não pretendiam continuar a cometê-los.

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