O Impacto do Diagnóstico de Anomalia Congênita: Coping e Indicadores Emocionais Maternos

Nome: SCHWANNY ROBERTA COSTA RAMBALDUCCI MOFATI VICENTE
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 19/08/2013
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
GIMOL BENZAQUEN PEROSA Examinador Externo
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Examinador Interno

Resumo: A anomalia congênita caracteriza-se por qualquer tipo de alteração durante o desenvolvimento embrionário, incluindo variação estrutural ou funcional do desenvolvimento. Desde a gestação existe por parte dos pais grande expectativa acerca do novo membro da família, com a idealização do nascimento de uma criança perfeita. Quando o bebê nasce com algum tipo de malformação, o impacto de tal acontecimento poderá influenciar vários aspectos sociais e afetivos, como o tipo de relação que será estabelecida entre a díade mãe-bebê, com a família e com outros membros da sociedade. Sendo assim, este estudo teve como principal objetivo verificar o coping adotado por mães de bebês com anomalia congênita e os indicadores emocionais, como estresse, ansiedade e depressão, considerando a influência de variáveis como o impacto do diagnóstico e as crenças maternas sobre o desenvolvimento do filho. Participaram da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, 25 mães (M = 25,04 anos) e seus com filhos diagnosticados com diferentes anomalias (ex.: malformações congênitas do aparelho circulatório, do sistema nervoso e do aparelho digestivo), internados em três Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da Grande Vitória, ES. A pesquisa ocorreu em duas etapas. Na primeira foram aplicados os seguintes instrumentos: Questionário de Dados Sociodemográficos, Questionário de Dados do Bebê; Protocolo Momento da Notícia; Critério de Classificação Econômica Brasil; Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL); e Inventários Beck de Ansiedade e Depressão (BAI e BDI). Na segunda etapa foi realizada uma entrevista semiestruturada com o objetivo de identificar as expectativas acerca do desenvolvimento do filho, bem como as estratégias de coping frente ao diagnóstico de anomalia congênita e hospitalização do bebê na UTIN. Dados referentes aos testes padronizados foram analisados de acordo com os critérios normativos estabelecidos. Os demais dados obtidos foram submetidos à análise qualitativa com base na Teoria Motivacional do Coping. A amostra foi composta por mães que tinham mais de um filho (M = 2,33), ensino médio completo (n = 9) e que
viviam em união estável (n=23). A maioria pertencia à classe C1 (n=9), com renda média familiar de R$ 1.495,00. Em 56% dos casos o diagnóstico foi fornecido pelo obstetra e em 36% pelo pediatra. Para 40% das mães, as informações fornecidas foram corretas, mas insuficientes. Parte da amostra (64%) avaliou positivamente a forma como o médico comunicou o diagnóstico, mas 76% das respostas estavam associadas a sentimentos negativos no momento da notícia. As mães ressaltaram a necessidade de obter mais explicações, ou seja, apesar de avaliarem positivamente o momento da notícia, sentiram falta de mais informações sobre o estado de saúde do bebê, bem como sobre o diagnóstico em si. Em relação ao estresse, a maioria (n=12) se encontrava na fase de resistência, 6 na fase de quase exaustão, e 3 na última fase, de exaustão. No tocante à ansiedade, 8 mães apresentaram nível moderado, 6 nível leve e 5 nível grave. Na avaliação da depressão, 7 mães apresentaram nível leve, 7 moderado e 3 nível grave. No que tange às estratégias de enfrentamento, estratégias adaptativas positivas como Autoconfiança e Busca de Suporte foram muito utilizadas pelas mães. Estratégias adaptativas negativas como Delegação e Desamparo também foram usadas pelas participantes, o que requer atenção da equipe de saúde, pois tal fato poderá refletir de forma negativa em longo prazo em seu bem-estar psicológico. Assim, a partir desses resultados, considera-se que o diagnóstico de anomalia congênita é um estressor potencial e, dessa maneira, as demandas emocionais e de informação deverão ser consideradas pela equipe de saúde durante o processo de comunicação do diagnóstico. Há necessidade de intervenções dirigidas às mães durante a hospitalização para redução do impacto emocional negativo e melhor adaptação da família à condição da criança, favorecendo a qualidade do vínculo entre a díade mãe-bebê e a qualidade do desenvolvimento infantil. Ressalta-se a importância de estudos sobre o enfrentamento para subsidiar intervenções dirigidas a grupos que estão sob forte impacto emocional e em condição de maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos emocionais, a exemplo da amostra investigada.

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