Abrindo espaços: grupo de apoio online para mulheres com câncer de mama
Nome: CAROLINA MARTINEZ LIBREROS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 26/08/2016
Orientador:
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Papel |
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LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR | Orientador |
Banca:
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Papel |
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ALEXANDRA IGLESIAS | Examinador Externo |
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR | Orientador |
MILENA BERTOLLO NARDI | Examinador Externo |
PEDRO MACHADO RIBEIRO NETO | Suplente Interno |
TERESINHA CID CONSTANTINIDIS | Suplente Interno |
Resumo: Dentre as doenças que afetam as mulheres, destaca-se o câncer de mama, por sua alta prevalência e seus efeitos corporais, psicológicos e psicossociais graves. A participação em grupos de apoio e de mútua-ajuda apresenta-se como estratégia de enfrentamento tradicional, no campo da saúde, para lidar com dificuldades advindas de doenças e tratamentos. Com inovações tecnológicas, especialmente a internet e as comunidades virtuais, surgem novas possibilidades de participação em grupo como meio para a busca de apoio. O objetivo da presente pesquisa foi compreender os sentidos atribuídos por mulheres com diagnóstico de câncer de mama à experiência de participação em um grupo de apoio online relacionado a esse tipo de câncer. No intuito de responder a esse objetivo, investigou-se um grupo de apoio online que funcionava por meio da rede social Facebook. O método incluiu dois procedimentos de coleta de dados: a) a compilação de publicações feitas pelas mulheres integrantes do grupo na página online (mural) e de respostas a essas publicações, tendo sido recolhidas, ao todo, 200 publicações e 660 respostas; b) a realização de entrevistas baseadas em roteiro semiestruturado com quatro participantes do grupo, incluindo sua criadora e uma de suas administradoras. As publicações e respostas recolhidas do mural do grupo foram analisadas com auxílio do software IRAMUTEQ e as entrevistas semiestruturadas foram analisadas com Análise de Conteúdo Temática. Os resultados obtidos com as publicações mostram dois grandes eixos: por um lado, as integrantes do grupo de apoio formulavam pedidos de informação e relato de experiências sobre tratamentos cirúrgicos, efeitos do tratamento no corpo, diagnóstico e sobre o câncer como elemento desconhecido; por outro, demandavam encorajamento com mensagens relacionadas a crenças religiosas. No que diz respeito às respostas das publicações, os eixos principais foram: os saberes e os atores do tratamento, com ênfase no profissional médico e na quimioterapia e crenças e motivação, com ênfase na religiosidade e na motivação para o enfrentamento do câncer. A análise das entrevistas revelou que os seguintes núcleos de sentido (Temas) foram relevantes para a entrada e permanência das participantes no grupo: o estado emocional da mulher quando descobre o câncer, descoberta vivida como choque; a necessidade de informação e de troca de experiências, que permite lidar melhor com efeitos adversos do tratamento e com a ansiedade; a inexistência ou inadequação de grupos de apoio presenciais; a insuficiência das informações transmitidas pelos médicos e outros profissionais da saúde e a necessidade de apoio afetivo provindo de pessoas que estejam vivendo a mesma experiência. Discute-se que esses fatores permitem à integrante construir a crença e o sentimento de que não estão sozinhas, que não são as únicas a passarem pelo câncer e de que o câncer não é necessariamente uma sentença de morte, mas sim uma doença que pode ser tratada. O saber médico é percebido como importante e verdadeiro, entretanto também insuficiente frente a questões relacionadas à vivência do câncer e de seu tratamento. O conhecimento das outras integrantes sobre o câncer é percebido como muito importante e representa um saber validado pela experiência. Conclui-se que o grupo de apoio online se constitui como suporte constante e ferramenta complementar para o tratamento do câncer de mama.