Psicologia Clinica e Psicologia Social: um diálogo fértil.

Resumo: A fragmentação do conhecimento psicológico é uma realidade conhecida por psicólogos e alunos em formação. De acordo com Figueiredo (2011), “a ocupação do espaço psicológico pelas teorias e sistemas não deu lugar à formação de um continente, mas sim de um arquipélago conceitual e tecnológico” (p. 16-17). Ao mesmo tempo em que não se trata de um conhecimento uno e integrado, também não se trata de teorias completamente desconectadas. De maneira semelhante, Tourinho, Moreira e Neno (2009) afirmam a diversidade como a marca da produção teórica e profissional da psicologia, mas sem deixar de valorizar as convergências que fortalecem a área.
Costa e Brandão (2005) argumentam que a complexidade dos objetos de estudo da psicologia levou a uma diversidade teórico-metodológica que não permite pensar a psicologia apenas a partir de uma abordagem ou área de atuação. Se essa multiplicidade se fechar em abordagens específicas, pode, em vez de enriquecer, empobrecer a capacidade do profissional de promover o bem-estar de indivíduos e comunidades (Costa & Brandão, 2005). O desafio está em promover o diálogo entre as diferentes contribuições teóricas, não as reduzindo umas às outras, e reconhecendo os aspectos convergentes e divergentes entre elas.
Tal variedade teórica da Psicologia, de acordo com Figueiredo (2011), pode resultar em duas reações muito “típicas e perniciosas”, que podem bloquear o acesso à experiência e o contato com a alteridade, a saber, o dogmatismo e o ecletismo:
No primeiro caso, o psicólogo em formação ou já formado tranca-se dentro de suas crenças e ensurdece para tudo que possa contestá-las. No segundo adota indiscriminadamente todas as crenças, métodos, técnicas e instrumentos disponíveis de acordo com a sua compreensão do que lhe parece necessário para enfrentar unificadamente os desafios da prática (Figueiredo, 2011, p.18).
Para esta pesquisa, nos propomos a fazer um movimento construtivo na forma como Figueiredo (2011) se refere ao termo. Trata-se de “investir na produção do conhecimento a partir dos recursos conceituais disponíveis nas teorias e nos encontros destes recursos com os desafios da prática, ou seja, a partir das experiências” (p. 20). Com isso, procurando não nos enveredar pelos “caminhos perigosos do dogmatismo e do ecletismo”, nos propomos a discutira interface entre as áreas clínica e social, buscando uma cooperação entre as áreas.
De acordo com Carreteiro (2010), cooperar significa postular que todos os saberes envolvidos em uma questão têm algo a dizer. “Poder ouvir a diferença requer criar pequenos deslocamentos no que estamos habituados a ver e a ouvir, assim como elaborar de que maneiras esses novos olhares, associados ao nosso próprio, implicam criar referências originais” (p. 22).
Partimos também da concepção de que existe uma estreita relação entre pesquisa e intervenção psicossocial e, por isso, nosso objetivo é contribuir para o desenvolvimento de aparato teórico-prático para além de simples transposições de modelos tradicionais.
Entendemos a intervenção psicossocial como uma “prática comprometida com o empoderamento do sujeito e com o incentivo para a busca de soluções para suas dificuldades, que façam sentido em sua história de vida” (Costa e Penso, 2010, p. 204). Nessa perspectiva, as questões subjetivas devem ser pensadas de maneira articulada com a realidade social, política, econômica e cultural na qual os indivíduos estão inseridos.

Data de início: 01/03/2013
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Aluno Doutorado MILENA BERTOLLO NARDI
Coordenador LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR
Transparência Pública
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