A Produção de Sensibilidades no Processo de Gestar um Corpo Dançante na Dança do Ventre
Nome: ÂNGELA VIEIRA DA SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 28/07/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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FABIO HEBERT DA SILVA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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FABIO HEBERT DA SILVA | Orientador |
MARCUS VINICIUS MACHADO DE ALMEIDA | Examinador Externo |
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS | Examinador Interno |
Resumo: Essa dissertação teve o intuito de acompanhar o processo de gestar um corpo dançante na Dança do Ventre junto a mulheres que desconheciam essa linguagem artística em seus corpos, para investigar as transformações estético-políticas decorrentes dessa experimentação. Com esse objetivo tivemos como campo de pesquisa a criação do Projeto de Extensão COMPOR (Coletivo Oficina de Movimentos Poéticos à Revelia), ligado ao Programa de Pós-graduação em Psicologia Institucional, com oficinas de dança do ventre. A condução foi realizada por nós, que temos formação profissional nesta dança, além sermos também psicóloga. Esse Projeto teve duração de doze meses, com duas aulas semanais com duração de uma hora e trinta minutos cada e foi realizado em nosso espaço de dança particular. Ele foi aberto a toda comunidade acadêmica e demais interessad(a)os da região de Vitória e Grande Vitória. Efetivamente participaram oito mulheres cujas idades estavam entre 19 e 46 anos; algumas delas eram estudantes da UFES e outras sem nenhum vínculo direto com a Universidade. Objetivamos com o Projeto de Extensão acompanhar e potencializar a capacidade de contágio dessa dança como linguagem artística e captar seus efeitos estético-políticos nas maneiras de sentir, pensar e agir das mulheres que se dispuseram a experienciar o processo de constituir um corpo dançante. Utilizamos como dispositivos de registro a filmagem das aulas e um caderno de anotações, para o período em que não utilizamos a câmera. Com isso, procuramos acompanhar toda produção de gestos, movimentos, percepções, comentários e sugestões surgidos em aula, com o intuito de que eles nos sugerissem possibilidades de intervenção no sentido de potencializar um modo de aprender a técnica, abarcando uma nova maneira de sentir o corpo e executar o movimento acompanhado das sutilezas percebidas. Nessa direção, propusemos muitos exercícios de experimentação que ativassem os sentidos proprioceptivos, auditivos e tácteis para que as imagens prontas de si mesma pudessem ser modificadas. Considerando que a dança do ventre, na perspectiva oriental, é uma arte em que música e dança são um só corpo, trabalhamos desde o início das oficinas o aprendizado de alguns ritmos e a familiaridade com alguns instrumentos melódicos e o modo como são estruturadas as músicas árabes. A vivência dessa pesquisa com a criação desse campo de atuação através do Projeto de Extensão nos oportunizou uma vivência de grupo riquíssima, que produziu, em nós e nas participantes, outro campo de legitimações e sensibilidades nesse processo de gestar um corpo dançante, como uma escuta serena e sensível às sutilezas do corpo e da música, a produção de temporalidades inéditas, a produção de pertença a um grupo, a valorização da dança coletiva como um importante dispositivo de gestar relações solidárias, de agregação e aprendizado entre modos de viver, sentir e pensar diversos. Todos esses valores foram potencializadores de uma presença cênica e de conexão com modos de experimentação do corpo no diálogo com as forças invisíveis do cosmo, as quais modificaram nossa compreensão do processo de gestar um corpo dançante e transformaram a relação das participantes com seus corpos e sua sensibilidade.
Palavras-chave: dança do ventre; transformações estético-políticas; música árabe