"NINGUÉM NASCE HOMEM: TORNA-SE HOMEM": A PRODUÇÃO DOS
GÊNEROS E A PRECARIZAÇÃO DA VIDA - Problematizando as masculinidades
em jovens em cumprimento de medida socioeducativa

Nome: MARINA FRANCISQUETO BERNABÉ
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/10/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JÉSIO ZAMBONI Examinador Interno
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA Orientador
MARIA DE FÁTIMA LIMA SANTOS Examinador Externo
RAFAEL DA SILVEIRA GOMES Suplente Interno

Resumo: RESUMO
Conforme os dados da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, 95% dos jovens e
adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa (MSE) são do gênero
masculino. Realidade essa verificada pela pesquisadora na experiência de
atendimento aos jovens durante e após o cumprimento da MSE. Considerando a
cartografia um modo de pesquisa que não se desassocia da intervenção e
transformação social, essa dissertação foi realizada a partir de encontros e
experiências da pesquisadora, psicóloga e militante juntamente aos jovens em
cumprimento de medida, demais pesquisadores, militantes e profissionais que atuam
com juventudes e medidas socioeducativas, a partir de uma perspectiva que
problematiza o encarceramento da juventude negra, pobre e do gênero masculino. A
disseminação dos estudos feministas foi fundamental para questionar a fragilidade
dos discursos sobre os homens e a suposta definição universal de “masculino”. Esses
estudos contrariam a noção de uma masculinidade única, verdadeira e natural, à
medida que são múltiplas, mutáveis e compostas por distintos atributos. Em Foucault,
uma sexualidade normalizada é produzida e funciona como dispositivo político de
controle e regulamentação da vida. Com base nesse pensamento, questiona-se sobre
como as diferentes masculinidades, forjadas historicamente, atuam como mais um
dispositivo que foi criado e construído para preservar algumas vidas e aniquilar outras.
As masculinidades não são identidades fixas, mas práticas sociais dinâmicas,
performativas, que se constroem em relação às feminilidades; atravessadas pelas
questões de raça, classe e idade, as masculinidades variam conforme o contexto
social, cultural, político e econômico. Discute-se como a produção de modelos de
masculinidades pode intensificar a violência em corpos que são historicamente
submetidos, segundo Butler (2015), a condições de precariedade. Nas medidas
socioeducativas, a Psicologia é convocada a falar sobre os sujeitos, principalmente
no que concerne à adequação e enquadramento às normas sociais. Em uma
sociedade cuja norma é branca, adulta, masculina, heterossexual, urbana e classe
média, a Psicologia precisa ficar atenta a quais realidades estão sendo produzidas
através do seu saber, cujos discursos podem legitimar a condição de precariedade a
que essas vidas foram e ainda são submetidas. Os modelos dominantes de infância
e adolescência que comparecem nas legislações e políticas destinadas a este público
são destoantes da vida dos jovens em cumprimento de MSE, e, por vezes, legitimamo tratamento desigual dado às infâncias. Parte-se da premissa de que os diferentes
modelos de infância e adolescência, desigualdade social, racismo e gênero são
problemas intrínsecos à privação de liberdade e devem ser colocados em análise. Por
fim, discute-se como a invisibilidade dos gêneros e a produção de modelos de
masculinidades tornam-se fatores que maximizam e legitimam a violência contra
essas vidas.
Palavras Chave: Infâncias desiguais. Adolescências. Juventudes. Psicologia.
Medidas socioeducativas. Gêneros. Masculinidades.

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