INTERSEÇÃO PSICANÁLISE E SAÚDE MENTAL: O SUJEITO COMO BÚSSOLA DAS IN(TER)VENÇÕES NO AUTISMO.
Nome: RENATA COELHO TAVARES IMPERIAL
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 29/03/2019
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
ARIANA LUCERO | Co-orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
ANA AUGUSTA WANDERLEY RODRIGUES DE MIRANDA | Examinador Interno |
ÂNGELA MARIA RESENDE VORCARO | Examinador Externo |
ARIANA LUCERO | Coorientador |
JORGE LUIS GONCALVES DOS SANTOS | Orientador |
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo investigar a incidência do conceito psicanalítico de sujeito na clínica do autismo. A base teórica desta investigação é a psicanálise orientada por Lacan, em seu compromisso de manter viva a teoria e a clínica inventada por Freud, o que implica a visada no sujeito. Assim, inicia-se esta dissertação, no Capítulo 1, delimitando o conceito de sujeito para a psicanálise lacaniana. Em especial, no que se convencionou chamar de seu primeiro ensino, uma vez que, neste momento, o psicanalista se debruça sobre o processo de constituição subjetiva, que tanto nos interessa na clínica do autismo. Neste contexto, o sujeito é pensado em sua dependência radical à estrutura da linguagem e ao campo do Outro. A seguir, no Capítulo 2, propõe-se trabalhar o sujeito em sua articulação com o social, pois, tanto para a psicanálise quanto para a saúde mental, a referência ao laço social é fundamental. Do lado da psicanálise, o laço social é abordado na perspectiva de Lacan, do seu Seminário 17: O avesso da psicanálise. No campo da saúde pública brasileira, recorre-se aos documentos do Ministério da Saúde. Neste sentido, tenta-se alcançar os debates recentes sobre o tipo de atendimento mais adequado e eficiente aos autistas, além de acompanhar a concepção de sujeito que comparece nestes textos. Constata-se que psicanálise e saúde mental se interessam pelo sujeito e que, apesar das diferenças entre esses dois campos na forma de concebê-lo, na saúde mental infanto-juvenil essas noções se aproximam de maneira surpreendente. Por fim, no Capítulo 3, aborda-se os efeitos da incidência do conceito de sujeito sustentado pela psicanálise na interseção com o campo da saúde mental infanto-juvenil, em uma práxis psicanalítica, um grupo com crianças autistas realizado no CAPSi de Vitória-ES em parceria com a UFES. Para isso, delimitam-se as orientações deste grupo fundamentadas nos princípios da psicanálise, que visavam o mesmo objetivo: acolher e favorecer a emergência do sujeito. Cada criança foi acolhida em sua singularidade, dando lugar para o comparecimento da subjetividade no grupo. Além disso, sublinha-se a incidência desta proposta do grupo em cada uma das três crianças, ressaltando a vivência do grupo no singular. Na atualidade, enfocar a noção de sujeito também passa por uma estratégia de marcar a posição política da psicanálise na Batalha do autismo, travada cotidianamente pelos psicanalistas tocados pela clínica do autismo. A psicanálise toma o autista como um sujeito a devir, em contraposição à visão do autista como um deficiente. Conclui-se que o psicanalista inserido numa instituição pública de saúde mental contribui, com seu ato, para sustentar a possibilidade de práticas inventivas que levam em conta o singular de cada criança denominada como autista e o que elas conseguem oferecer ao laço social.
Palavras-chave: Psicanálise. Saúde Mental Infanto-juvenil. Clínica. Autismo. Sujeito.