EXOCETS NO FACEBOOK:
SUBJETIVIDADES ABALADAS
E DESPERDÍCIO DO DESEJO NA REDE SOCIAL

Nome: ANDERSON CACILHAS SANTIAGO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 09/04/2019

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA FIGUEIREDO LOUZADA Examinador Interno
FABIO DIAZ CAMARNEIRO Orientador
FABIO LUIZ MALINI DE LIMA Suplente Externo
SERGIO AMADEU DA SILVEIRA Examinador Externo

Resumo: RESUMO
Investiga a produção de subjetividades no campo dos comentários de páginas do Facebook
administradas por jornais, movimentos sociais, partidos e personalidades, onde as narrativas
são disputadas por atores, personas híbridas que se articulam na rede. Usa a teoria ator-rede,
de Bruno Latour (2012), como fio-condutor metodológico, hibridizada com dados
quantitativos e grafos, assim como com a noção das narrativas da rede. Os atores, numa
relação simétrica com os pesquisadores, contam como atuam numa rede polarizada
politicamente. O campo é apresentado por meio de dados que revelam como eleitores
brasileiros utilizam as redes sociais, seu grau de confiança nas informações e seu nível de
engajamento. As personas híbridas, multiplicidades rizomáticas a-centradas, se organizam
em redes onde o múltiplo é substantivo, o que faz a pesquisa avançar também para a
organização das guerras em rede e outras configurações possíveis no Facebook. Com Donna
Haraway (2009), é promovida uma reflexão sobre o relacionamento de pessoas com
algoritmos e bots e acerca das fronteiras borradas entre humano e máquina, o que resulta nas
personas híbridas. A análise avança considerando a rede como parte da arquitetura que
humanos fazem de si, como upgrade de seu corpo, somando a isso, uma ampla reflexão sobre
as fake news e a pós-verdade. As conversas com os atores aparecem a todo tempo no texto e
foram realizadas a partir da utilização de uma persona híbrida criada para a pesquisa: Kátia
Flávia. Ela realizou intervenções no campo considerando analisadores naturais, emergidos de
manifestações de rua, da prisão do ex-presidente Lula, ou das eleições de 2018, entre outros,
eventos sempre relacionados à polarização política. Um diálogo com Suely Rolnik (2016)
suscita a ideia de subjetividades abaladas constantemente no Facebook em decorrência de
desterritorializações que provocam mal-estar nos atores da rede, o que, na sequência, é
convertido em ódio e ressentimento canalizados contra “bodes expiatórios”. Isso tem
alimentado movimentos que flertam com o fascismo e faz ascender líderes fabricados nesta
esteira. O desejo tem sua força criadora capturada e convertida em força reativa que trabalha
contra sua própria expansão. A potência do desejo é desperdiçada para que as subjetividades,
compradas prontas nas prateleiras do sistema vigente, sejam reequilibradas, mantendo o
status quo. Uma atuação micropolítica ativa é proposta como possível resistência à captura
da força criadora pelo sistema, que utiliza como seu porta-voz o desejo, sua arma
micropolítica tornada reativa. Este sistema faz alianças com forças políticas que encarnam
personagens grosseiros e extremamente conservadores, com ideias arcaicas e pré-
republicanas, sua arma macropolítica. Para concorrer com esse movimento, seria preciso
deslocar as narrativas da construção macropolítica partidária, sindical, e de movimentossociais ligados às identidades tradicionais, pois, nas redes, as identidades estão fraturadas e
as afinidades tendem a formar os grupos. Essa mudança de rota seria capaz de abrir caminho
para uma micropolítica que já não cabe nesse imaginário convencional, prevenindo a
interrupção da potência do desejo, possibilitando a criação de novas maneiras de existir, e a
reinvenção da realidade e outras alianças, em atendimento às demandas da vida.
Palavras-chave: Subjetividade. Desejo. Facebook. Rede Social. Rede. Híbrido. Persona.
Ciborgue. Humano. Máquina. Política. Eleição. Polarização. Micropolítica. Macropolítica.
Ator-rede. Fake news. Pós-verdade. Ódio. Ressentimento.

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