Leituras da cidade onde nada parece passar: olhares do ofício de sapateiro
Nome: THIAGO PEREIRA MACHADO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/05/2019
Orientador:
Nome | Papel |
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MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ALEXSANDRO RODRIGUES | Examinador Externo |
LUÍS ANTONIO DOS SANTOS BAPTISTA | Coorientador |
MARCELO SANTANA FERREIRA | Examinador Externo |
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS | Orientador |
Resumo: A história de um ofício não esta desatrelada da constituição de uma cidade. Atualmente é
conhecida pela exploração do mármore e granito, sua principal fonte econômica, mas nem
sempre foi assim. O ofício de sapateiro já ocupou lugar de prestígio na cidade por entre as
rochas. Atualmente, vive a não expressividade mediante as modulações impostas pelo capital.
Mas, adentrando em seus becos, ainda encontramos sapateiros. Resgatamos, a partir de
narrativas, a importância desse ofício na relação com a cidade. O trabalho estabelece regras e
organiza a vida no compartilhamento de uma paisagem, uma cidade, uma cultura. Assim,
conceitos de ofício e suas dimensões, especificamente a dimensão transpessoal, se encontram
aqui articuladas com o conceito de experiência de Walter Benjamin, que cinde a formulação
capitalística de experiência como propriedade de um sujeito privado, um modo íntimo de sentir
e agir, uma vivência que se dá no interior psicológico e que pode ser referida como sendo "de"
alguém. Ao percorrer a cidade, encontram-se histórias que aqui são narradas de maneira em
que esses conceitos, ofício e experiências vão sendo operados. Os rastros desta pesquisa nos
indicam que o sapateiro não só aprende um ofício mas também inventa a si próprio,
possibilitando que outro modo de olhar a cidade possa emergir. Nosso trabalho foi dar
visibilidade a um ofício em vias de desaparecimento, escutando as histórias que se comunicam
entre gerações. A pesquisa apresenta não apenas uma reparação do passado como uma
transformação do presente. Assim, o passado é reencontrado, podendo ser retomado e
transformado. Transmitimos aqui o que os saberes hegemônicos fazem questão de não lembrar.
É preciso evitar o perigo do esquecimento da vida e da história desse ofício que vai se perdendo
ao longo do que chamam de progresso. Escrever junto à vida do sapateiro é a narração de uma
história não contada.
Palavras-chave: atividade; Cachoeiro de Itapemirim; cidade; esquecimento; experiência;
narrativa; ofício; paisagem; passado; reparação; sapateiro; trabalho.