A cidade quando terra: A feira livre no asfalto neoliberal
Nome: CAMILA LENHAUS DETONI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/06/2020
Orientador:
Nome | Papel |
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JANAÍNA MARIANO CÉSAR | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANA LUCIA COELHO HECKERT | Examinador Interno |
IAZANA GUIZZO | Examinador Externo |
JANAÍNA MARIANO CÉSAR | Orientador |
Resumo: O presente trabalho buscou, a partir da análise das configurações do neoliberalismo, pensar a
experiência dos sujeitos na cidade neoliberal, atravessada por carros, concreto, funções de
segurança, afetos de medo. Menos que modos adoecidos, esta pesquisa pretende agenciar a
emergência de práticas de (Bem) Viver na/a cidade que possibilitem a construção de outros
modos de nos relacionarmos com a Terra, nossa casa comum. O trajeto de pesquisa centrou-se
sobre a experiência de fazer feira livre orgânica no município de Vitória, capital do Espírito
Santo. Nomeadamente, o trabalho se propôs a costurar tessituras do fazer feira como maneira
de transitar entre modos de vida que alterem as formas economicistas de nos relacionarmos
com o universo ao redor, dialogando com as propostas de contracolonização do pensamento e
da vida. Busca-se problematizar como a constituição de uma cidade neoliberal, ordenada e
higienizada, reverbera nas práticas cotidianas de quem faz feira orgânica. Os feirantes
pequenos agricultores que construíram conosco esta pesquisa ofertam saberes que podem
contribuir para a construção de outros mundos que não se orientam pela lógica de consumo e
de isolamento. Buscou-se sentipensar com a feira livre e as pistas trazidas por seus barulhos,
cheiros, cores, silêncios, conversas, sabores. Recorrendo a aspectos metodológicos da
cartografia, entre março de 2018 e março de 2020, foram realizadas observações participantes,
acompanhando o cotidiano dos feirantes no fazer feira. A elas juntam-se conversas formais e
informais, além de participação em atividades ou iniciativas dentro da feira registradas em
diário de campo. Intentou-se acompanhar possibilidades de afirmar experiências comunitárias
dos povos da cidade pautadas pela observância dos demais seres, o exercício de colocar o
coração no ritmo da Terra, e como este pode ser o caminho para uma comunidade que amplie
relações saudáveis e potentes neste cenário de desencanto neoliberal e de amor à mercadoria.
O trabalho de pesquisa caminha, pois, na direção de uma aposta ética no posicionamento
inventivo pela criação de vínculos e de mundos. Os resultados apontam para o intricado jogo
de forças entre dispositivos que não cessam de ordenar os espaços e definir os lugares de cada
coisa, e as micropolíticas que permeiam e/ou resistem a esse projeto de normalização da
cidade e da vida, às quais nominamos antídotos.
PALAVRAS-CHAVE: Feira livre. Cidade neoliberal. Bem Viver. Antídotos