Transitando em crises: a experiência da crise e seus desdobramentos a partir de um CAPS II
Nome: JAMILLE NEVES RANGEL GOMES COIMBRA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 26/02/2021
Banca:
Nome | Papel |
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MAGDA BEZERRA DIMEINSTEIN | Examinador Externo |
MARIA ELIZABETH BARROS DE BARROS | Examinador Interno |
RAFAEL DA SILVEIRA GOMES | Orientador |
Resumo: O presente texto trata das crises, em seu contexto amplo, no campo da saúde
mental. Partimos de uma experiência junto aos trabalhadores da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) de um município, rumamos a um Caps (Centros de Atenção
Psicossocial) para pesquisar práticas antimanicomiais no cotidiano dessa rede.
Ocorreu que as crises que habitavam tal serviço nos tiraram do eixo, de modo que
se fez necessário repensar todo o percurso de pesquisa. Neste movimento de
compreender o que se passava, situamos nossas questões na história, tratando da
ascensão da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial, no Brasil, como
movimentos que abriram portas para questões que, hoje, trazemos à cena, além dos
marcos legais que discorrem acerca da estrutura da RAPS e da lógica que atravessa
os serviços que devem compô-la, numa proposta de desinstitucionalização que
objetiva subverter, radicalmente, a atenção à saúde mental. Tratamos, em especial,
da complexidade que abrange a atenção à crise no modelo pautado na lógica da
Atenção Psicossocial e os desafios que esta representa aos movimentos de
Reforma. Observamos, ao longo do trabalho, que a crise apresentada por um
usuário do Caps coloca em análise tudo o que o permeia, evidenciando que há,
também, outras crises que devem ser analisadas: a crise do Caps, a crise da Raps,
a crise das Políticas de Saúde Mental. A crise se apresenta, então, neste texto,
como fonte de análise que traz à cena as diversas dimensões do trabalho e do
cuidado no campo da saúde mental. Como considerações finais, constatamos que a
força deste serviço está em seu cotidiano de cuidado com os usuários que o
habitam. Além disso, apontamos que a Luta Antimanicomial e o empenho em
construir um modelo de atenção, que se faça livre de movimentos manicomiais e
opressivos, precisam estar atrelados às lutas por uma sociedade livre de todo modo
de opressão, associando essas pautas às do feminismo, do antirracismo e tantos
outros movimentos, que visam subverter a lógica opressiva na qual se sustenta
nossa sociedade: a liberdade é uma luta constante.
Palavras-chaves: Atenção Psicossocial; Crise; Saúde Mental, CAPS