ESCREVIVENDO INSUBMISSOS VERBOS DE VIDA
COM JOVENS NEGRAS NA SOCIEDUCAÇÃO
Nome: KETLE SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/09/2021
Orientador:
Nome | Papel |
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LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANA LUCIA COELHO HECKERT | Examinador Interno |
GIOVANA XAVIER DA CONCEIÇÃO NASCIMENTO | Examinador Externo |
LUIZANE GUEDES MATEUS | Coorientador |
LUZIANE DE ASSIS RUELA SIQUEIRA | Orientador |
Resumo: O
Cotidianamente vivenciamos as consequências de um abolicionismo inconcluso em que o corpo
negro outrora escravizado foi posto à margem da sociedade sem nenhuma política de reparação.
Como efeito, a população negra brasileira ocupa a base da pirâmide em condições desiguais de
moradia, saúde, educação, infraestrutura, trabalho, salário, cultura e lazer. Por outro lado, nos
sistemas prisionais e socioeducativos, ocupam o topo da pirâmide e a política de guerra às
drogas se configura mais como um eufemismo para o aprisionamento em massa da população
preta, historicamente marcada pela brutalidade da violência. Diante disso, o presente trabalho
encarna uma perspectiva crítica à lógica punitivista que permeia o sistema socioeducativo
direcionado a adolescentes que praticaram atos infracionais, tendo em vista que, embora
tenhamos avançado em alguns aspectos com a implementação do Estatuto da Criança e do
Adolescente, ainda há um longo caminho de luta frente a um sistema que pune e aprisiona
majoritariamente a juventude negra. Assim, vemos como o racismo estrutura o seu
funcionamento por meio de aparatos ordenados para garantir a manutenção das desigualdades
baseadas na hierarquização racial, denunciando as faces de um mesmo Estado: uma
pretensamente garantidora da proteção integral, outra que produz uma série de violações de
direitos anteriores ao ato infracional. Com base nessas reflexões, o presente trabalho buscou
construir narrativas acerca da trajetória da adolescente Katleia que cumpria medida
socioeducativa em meio aberto no Centro de Referência Especializado de Assistência Social na
cidade de Vitória-Espírito Santo, durante a realização da pesquisa de campo. Propondo-se a
compreender o modo como os diferentes marcadores sociais de raça, classe e gênero se
articulam em suas experiências. Utiliza-se como inspiração o conceito-ferramenta da
escrevivência de Conceição Evaristo e o pensamento feminista negro, assumindo, portanto,
uma escrita feminina e negra para deslocar o próprio campo do conhecimento e da
intelectualidade orientados em paradigmas eurocêntricos que suprimem outras formas de saber.
Palavras-chave: Juventude negra. Socioeducação. Racismo. Feminismo. Escrevivência.