ERROR 404, INFANTE CORROMPIDO: O ACESSO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES À PORNOGRAFIA ONLINE

Nome: JÚLIO CÉSAR FLORENCIO DE ALMEIDA

Data de publicação: 17/09/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO RODRIGUES Examinador Interno
HENRIQUE CAETANO NARDI Examinador Externo
JESIO ZAMBONI Presidente

Resumo: A presente pesquisa teve vários pontos de início, como as experiências pessoais do
pesquisador, que desde sua infância teve e manteve contato com a pornografia online,
bem como, na observação de como a sociedade tece uma relação contraditória e intensa
com os conteúdos pornográficos. A partir disso, surgiu a questão do acesso de crianças e
adolescentes – tensionados na pesquisa na forma de infantes, como aqueles que não
podem falar sobre si mesmos – à pornografia online, não numa perspectiva que
geralmente toma os espaços de fala, que procura problemas e patologiza, mas sim numa
perspectiva que tenta olhar para as experiências e como elas estão imbricadas com as
noções de sexo, sexualidade, desenvolvimento e principalmente, de infância e
capitalismo. A partir disso, o caminho metodológico foi traçado em encontrar com
pessoas que acessaram pornografia online enquanto infantes e conversar sobre essa
experiência, contar histórias e narrar, para a partir disso, pensar como essas experiências
são produzidas – pensamentos inspirados na produção de saber-poder em Foucault e no
regime farmacopornográfico de Preciado. Não houve pretensão prévia do público
participante, a grande maioria, na verdade, se convidou a participar na medida em que a
pesquisa ia sendo comentada em diversos espaços em que o pesquisador circulava. Sete
pessoas no total participaram. Devido a não ter recortes específicos – exceto o de ser
pornografia online, que recorta uma faixa etária da população que variou entre 22 e 29
anos – as pessoas participantes foram mais próximas do ciclo de socialização do
pesquisador, portanto, foram cinco homens e duas mulheres, todos cisgêneros. Dos
homens, um se autodeclarou pardo e o restante, brancos. Destes, ainda, dois eram
bissexuais, um heterossexual e dois homossexuais. As duas mulheres participantes eram
também brancas e uma era bissexual e a outra, heterossexual. A análise das narrativas
culminou em três tópicos principais de discussão, sendo o primeiro “Pornografia: um
negócio de família” onde se pensa a indissociável relação entre os segredos sexuais e a
vigilância familiar e o próprio nascimento da família moderna, atrelada ao
desenvolvimento do capitalismo. O segundo “No princípio era o... prazer?”, foi pensado
as diferentes dinâmicas que a descoberta dos prazeres causa em conjunto com a
pornografia, demonstrando mais ainda sua complexidade e por fim, “Bater ou não bater,
eis a questão”, onde foram pensadas cenas e experiências mais problemáticas, não no
sentido de patológicas, mas que suscitaram, principalmente na experiência dos
participantes, um olhar ou cuidadoso, ou a experiência de adoecimento. Ao longo da
pesquisa, foram pensados váriostópicos para aprofundar o que se constitui como infância,
criança, pornografia, sexualidade e prazer para conseguir complexificar o que
entendemos por acesso de infantes à pornografia numa perspectiva que não busque
patologização e a criação de mais pânico moral/sexual. Observamos que, das diferentes
dinâmicas, uma instauradora que perpassa desde o nascimento da família, das campanhas
antimasturbação e da tentativa de criar uma ou mais patologias envolvidas com a
masturbação, está de frente o capital e a necessidade de extrair lucro do prazer gerado
pelos corpos, mesmo que eles sejam infantis.

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