Laboratório de Afetos e Biopolíticas

Resumo: Trata o presente do Programa de Pesquisa e de Extensão do Laboratório de Afetos e Biopoliticas, um espaço formativo com ênfase na abordagem grupal, vinculado a Linha de Pesquisa de Clínica, Subjetividade e Saúde, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional.
Alicerçado na vinculação entre pesquisa-ensino-extensão, o presente Laboratório visa articular as práticas grupais e a produção de subjetividade, vinculando-se os processos grupais e formativos às obras dos filósofos Michel Foucault e Gilles Deleuze, em uma articulação teórica-metodológica entre capitalismo, desejo e corpo: produção de sensibilidades. Como estratégia de pesquisa interventiva, utiliza-se a realização de oficinas formativas, com o intuito de exercitar práticas grupais, que tenham como meios o encontro entre psicologia e corpo.
A partir da área de concentração processos grupais e formativos, o enfoque da pesquisa é a proposição do grupo como uma via estética, como uma produção ativa, como uma força relacional. As práticas grupais marcam uma importante área de trabalho na Psicologia. Ainda que muitas vezes as práticas grupais sejam reduzidas a uma mera aplicação de técnicas (vulgarmente consideradas como dinâmicas de grupo, já apontando para uma utilização de técnicas desvinculadas de uma análise ético-estética-política dos fazeres grupais), trabalhar com grupos no contemporâneo torna-se um instrumento fundamental para o psicólogo inserido em diferentes políticas públicas.
Em meio à produção de modos de subjetivação individualizantes, que tendem a reduzir as esferas da vida ao âmbito privado e que tomam as relações em suas faces produtoras de lógicas geridas pelo capital humano, trabalhar com grupos, através do refinamento de sensibilidades coletivas, aponta uma ruptura com uma certa cultura psi.
O convite ao trabalho grupal engendra na formação em Psicologia uma abertura aos modos de vida que ousam portar processos de diferenciação e produção do comum. Cuidar do presente, intervir e produzir modos outros de viver, eis o convite das práticas grupalistas.
Trata-se de tomar o campo grupal como meio de experimentação fina e delicada, como uma experimentação de sensibilidades sutis tendo como disparadores as sensações, os perceptos e afetos encarnados, corpados. Trata-se de tomar os corpos, sempre coletivos, como agenciamentos de novos sentidos, que apontam na direção estética de modos expressivos para além/aquém do humano. Corpos, ao se fazerem, fazem mundos, produzem sentidos, reificam jeitos de se fazer presentes, marcam estratégias e táticas face aos modos subjetivos fadados à aceleração e ao esgarçamento dos espaços coletivos. Afirma-se ainda que dar consistência aos processos experimentados nos fazeres coletivos, passa por produzir uma prática estilística de escrita, que possa exercer a sustentação ao vivido, possibilitando meios de expressão cooperativas. Isso decorre da necessidade de produzir não apenas acesso a sensibilidades, mas de fortalecer suas expressões: no contemporâneo não nos é difícil ter acesso ao sensível, mas tornar essa produção de sensibilidades consistentes, no intuito de por meio delas constituir outros modos de viver, eis o desafio. Desse modo, propõe-se experimentar escrever e inscrever práticas de si articuladas a um exercício político, a um exercício contínuo e sutil de produção de modos de estar, articulando desejo e formação.

Data de início: 03/03/2016
Prazo (meses): 60

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador ANA PAULA FIGUEIREDO LOUZADA
Transparência Pública
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