"Como faço se depois fico sem dupla?": Afetividade e cognição de idosos com depressão em um jogo de tabuleiro moderno.
Nome: ANNA PAULA SAMPAIO BARBOSA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 08/08/2019
Orientador:
Nome | Papel |
---|---|
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL | Orientador |
Resumo: Os aspectos psicológicos relacionados ao envelhecimento e à depressão precisam ser mais investigados, tendo em vista a necessidade de criar estratégias de intervenção no contexto do fenômeno da depressão em idosos. Esta pesquisa teve por objetivo investigar condutas de idosos com sintomas de depressão em um jogo de regras. Participaram das oficinas 14 idosos, com média de idade de 70 anos, dos quais 12 mulheres e dois homens. Os participantes foram classificados em dois grupos: o G1, formado por idosos com sintomas de depressão; e o G2, o grupo comparação, composto por idosos sem sintomas de depressão. Os sintomas de depressão foram aferidos por meio do Inventário de Depressão de BeckII. Posteriormente, foram formadas duplas, que eram constituídas por um participante do G1 e um participante do G2. Com base na teoria piagetiana, organizamos níveis de análise heurística, que variavam do nível I, mais rudimentar em termos de compreensão, passando pelos níveis II A e II B, ao nível III, o mais sofisticado. Além disso, foi gerado um protocolo de avaliação de fatores afetivo-emocionais, no qual foram categorizados comportamentos facilitadores e não facilitadores do desempenho durante as oficinas. O instrumento utilizado foi o jogo Gardens, criado pelo psicólogo Perepau LListosella, que é um jogo de tabuleiro moderno que mescla as mecânicas de colocação de peças e construção a partir do modelo. Os jogadores trabalham construindo, juntos, o tabuleiro e precisam exercitar, entre outras coisas, o raciocínio espacial e a memória. Ao longo das oficinas, os participantes jogaram três partidas do jogo, além de serem entrevistados individualmente sobre suas experiências durante o projeto. Os dados revelam que os idosos do G1 sugeriram experienciar emoções mais positivas durante as oficinas, se comparados com os resultados indicados pelos idosos do G2. Além disso, os idosos com sintomas de depressão obtiveram melhores níveis de desempenho no jogo. Os dados apontaram ainda a necessidade de espaços de apoio e trocas sociais, como possibilidade de novas construções cognitivas e desenvolvimento afetivo, principalmente para os idosos com depressão. Esses espaços devem favorecer interações dinâmicas e recíprocas, por meio das quais os processos de proteção sejam produzidos mesmo diante dos fatores de risco da depressão, tais como o isolamento social. Nesse contexto, as peculiaridades dos jogos de tabuleiros modernos, tais como a necessidade de que os jogadores se mantenham alerta, até mesmo durante a jogada do outro, no sentido de repensar e organizar suas estratégias a partir da ação do oponente, pareceram ser cruciais para o sucesso da estratégia de intervenção, uma vez que ajudaram os jogadores a manter o foco na atividade e promoveram uma experiência mais imersiva. Concluímos que o uso do jogo de tabuleiro moderno Gardens é fértil para programas de manejo psicológico dos sintomas de depressão na velhice, favorecendo a construção de fatores protetivos, do ponto de vista da cognição e principalmente da afetividade.