“INTERAÇÕES TRIÁDICAS DE CRIANÇAS COM
TEA: TROCAS COMUNICATIVAS E AFETIVAS EM EPISÓDIOS INTERATIVOS COM
MÃES E BRINQUEDOS”
Nome: LAYS CRISTINA XAVIER
Data de publicação: 22/09/2023
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL | Examinador Interno |
GABRIELA SOUSA DE MELO MIETTO | Examinador Externo |
GABRIELLA GARCIA MOURA | Presidente |
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por
manifestações comportamentais que envolvem, entre outros desafios, dificuldades nas
interações sociais e na comunicação. O desenvolvimento dessas habilidades em crianças
percorre uma série de etapas, e as interações triádicas, estabelecidas entre criança, adulto e
objetos, desempenham papel fundamental neste processo. A presente pesquisa busca contribuir
para a compreensão do papel desempenhado pelos objetos, no contexto dessas interações
triádicas, no desenvolvimento comunicativo de crianças com TEA. Mais especificamente, a
meta era investigar as interações triádicas entre mães e crianças com TEA, durante sessões de
brincadeira, analisando as formas de usos dos objetos, as trocas comunicativas e afetivas, bem
como as práticas mediadoras das mães. O estudo teve como referencial teórico-metodológico a
Pragmática do Objeto e a Rede de Significações, e seguiu uma abordagem qualitativa, de
natureza descritiva e exploratória. Participaram da pesquisa três crianças com idades entre 3 e
4 anos, acompanhadas por suas mães. A coleta de dados envolveu os seguintes instrumentos:
formulário de identificação, roteiro de entrevista semiestruturado, Inventário Dimensional de
Avaliação do Desenvolvimento Infantil (IDADI) e registros observacionais naturalísticos,
realizados por vídeogravação. Após as entrevistas com as mães, e aplicação do IDADI, cada
díade participou de três sessões de brincadeiras, realizadas no próprio ambiente domiciliar, e
estruturadas do seguinte modo: na primeira sessão utilizaram brinquedos da própria criança; na
segunda, somente brinquedos selecionados pela pesquisadora; e na terceira, brinquedos da
própria criança e da pesquisadora. A duração das sessões variou de 5 a 15 minutos, com média
de 9 minutos. Para a análise dos dados, utilizou-se sistemas de categorizações dos padrões de
usos dos objetos, das trocas comunicativas e das expressões emocionais das crianças e suas
mães durante as interações triádicas, visando mapear as complexas dinâmicas interativas. Os
resultados permitiram observar que, em todos os casos, as crianças brincaram com uma variedade de brinquedos, indicando preferências variáveis e mudanças nas escolhas ao longo
das sessões. Todas as crianças também demonstraram diferentes padrões de uso, variando desde
usos não-convencionais, rítimico-sonoros, sensório-motores, convencionais e até simbólicos.
Assim, o brincar das crianças com TEA se mostrou diversificado em muitos aspectos, com
destaque para a adaptabilidade dessas crianças em suas escolhas de brinquedos ao longo das
sessões. Além disso, todas as crianças envolveram-se em brincadeiras simbólicas, embora
muitas vezes promovidas pelas mães. O uso simbólico dos objetos também esteve relacionado
ao engajamento das mães em manter um diálogo com as crianças por meio das histórias criadas
com os brinquedos, empregando muitas perguntas e incentivos a falar. Em todos os casos, a
mediação materna desempenhou um papel fundamental na promoção da comunicação, em
função dos usos destes brinquedos/objetos. No geral, os brinquedos utilizados pelas mães e que
elas ofereciam para as crianças tinham um caráter pedagógico e convencional, visando algum
aprendizado das crianças seja para encaixar, montar ou nomear cores, animais e os próprios
objetos. Portanto, as mães frequentemente utilizavam os brinquedos como forma de ensinar
suas crianças a brincarem de forma convencional ou para estimular comunicação, e empregando
esforços e recursos contínuos para manter as crianças engajadas nas brincadeiras.