AUTOEFICÁCIA ACADÊMICA DE MÃES SOLO EM RELAÇÃO A CONCLUSÃO DA GRADUAÇÃO

Nome: SILVANY BARBOSA AGOSTINHO RODRIGUES

Data de publicação: 26/11/2025

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE Examinador Interno
ANDREIA OSTI Examinador Externo
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL Presidente

Resumo: Este estudo teve como objetivo compreender a autoeficácia acadêmica de mães solo que concluíram o ensino superior. Embora as mulheres representem a maioria no ensino superior, observa-se que, a cada dez brasileiras de até 29 anos, apenas uma permanece nos estudos após a maternidade. Paralelamente, estima-se que existam 11,3 milhões de lares chefiados por mães solo no Brasil, das quais apenas 28% possuem ensino superior completo. As pesquisas sobre mães estudantes têm se concentrado nos fatores que contribuem para a evasão acadêmica, destacando desafios como dificuldades financeiras, exigências acadêmicas, questões étnico-raciais e a ausência de políticas institucionais de apoio. Apesar desses obstáculos, algumas mães solo conseguem concluir a graduação, mesmo com pouca ou nenhuma rede de apoio, evidenciando que é possível persistir até a conclusão do curso e transformar sua realidade por meio da educação. A pesquisa baseou-se na análise de conteúdo de entrevistas qualitativas com 11 mães solo que se graduaram entre 2022 e 2024, em instituições públicas e privadas do estado do Espírito Santo, resultando em dois eixos temáticos principais. O primeiro eixo expressa a percepção geral sobre a experiência de cursar uma graduação sendo mãe solo, com destaque para o reconhecimento das dificuldades e exigências da vida acadêmica, bem como das motivações que impulsionaram o ingresso, a permanência e a conclusão do curso. O segundo eixo aborda as fontes de autoeficácia percebidas como favoráveis ou desfavoráveis ao longo da trajetória acadêmica. Os achados desta pesquisa contribuem para o aprofundamento das discussões sobre estratégias que favorecem a permanência acadêmica de estudantes mães na graduação, evidenciando que, para as mães solo, o desenvolvimento de ações institucionais que reduzam o desgaste físico e emocional decorrente da conciliação entre demandas acadêmicas, cuidados com os filhos e responsabilidades financeiras é indispensável. Além de minimizar a sobrecarga, tais estratégias podem impactar positivamente a percepção das exigências envolvidas na vivência da maternidade solo durante a graduação, fortalecendo os processos motivacionais que sustentam a permanência até a conclusão do curso. Observou-se, ainda, que o próprio reconhecimento de seu papel como únicas provedoras dos filhos atua como fator motivacional, impulsionando a busca pela formação superior como meio de transformação de vida e melhoria das condições de cuidado e sustento familiar. Contudo, a identificação de um prolongamento no tempo de conclusão da graduação, variando entre seis meses e dois anos além do previsto, evidencia que, mais do que garantir a permanência, é necessário que as instituições de ensino desenvolvam estratégias eficazes de prevenção à retenção acadêmica voltadas especificamente a essa população. As fontes de autoeficácia acadêmica que favoreceram a crença das mães solo em sua capacidade de concluir o curso foram identificadas, neste estudo, a partir de diferentes dimensões de suas experiências. O domínio de experiências relacionadas à superação de desafios anteriores, como os enfrentados durante o ensino médio e técnico, bem como a vivência da maternidade solo nesse período, mostrou-se um fator importante para o fortalecimento da autoconfiança e da perseverança acadêmica. Também foram observadas fontes de autoeficácia vinculadas à escuta de falas encorajadoras e à ressignificação de falas desencorajadoras, além de inspirações vicariantes em modelos familiares e acadêmicos. Destaca-se, ainda, a influência positiva de referências vindas de outras mães solo, como mães, amigas e familiares, que também enfrentaram e superaram desafios relacionados à continuidade dos estudos e ao cuidado com os filhos, servindo como exemplos concretos de superação e resiliência que contribuíram para a permanência e conclusão da graduação. A influência dos estados fisiológicos e afetivos também foi evidente: sentimentos de superação, gratidão e realização, vivenciados à medida que avançavam no curso e venciam obstáculos, fortaleceram a crença na capacidade de alcançar a conclusão da formação. Em contrapartida, emoções negativas, como a culpa por se sentirem insuficientes ao tentar conciliar o tempo e a atenção entre estudos e cuidados maternos, bem como o desgaste físico e psicoemocional decorrente dessa sobrecarga, foram associadas à fragilização temporária da autoeficácia. Esses achados reforçam a necessidade de estratégias institucionais voltadas ao apoio psicoemocional, ao cuidado dos filhos e à flexibilização acadêmica, como fatores que contribuem diretamente para o fortalecimento da autoeficácia e para a permanência de mães solo na graduação até sua conclusão. Além disso, evidencia-se a importância da implementação efetiva de políticas públicas e institucionais que supram lacunas e limitações existentes, bem como da identificação precoce desse perfil de estudante, ainda no processo de inscrição e ao longo da manutenção do vínculo acadêmico, a fim de favorecer sua integração e ampliar o acesso às estratégias de suporte e assistência disponíveis nas instituições de ensino superior.

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