Uma Proposta de Análise do Coping no Contexto de Grupo de Mães de Bebês Prematuros e com Baixo Peso na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Nome: FABIANA PINHEIRO RAMOS
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 31/08/2012

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALESSANDRA BRUNORO MOTTA LOSS Examinador Interno
GIMOL BENZAQUEN PEROSA Examinador Externo
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Coorientador
MARIA APARECIDA CREPALDI Examinador Externo
PAULO ROGÉRIO MEIRA MENANDRO Examinador Interno

Páginas

Resumo: A Teoria Motivacional do Coping define o enfrentamento como o processo de autorregulação do comportamento, da emoção e da orientação motivacional em condições de estresse psicológico, com o objetivo de manter, restaurar ou reparar necessidades psicológicas básicas de relacionamento, competência e autonomia. Os estressores podem ser percebidos como ameaça ou desafio e seu enfrentamento é analisado em 12 famílias, consideradas o nível mais alto da estrutura hierárquica do coping, segundo seu desfecho adaptativo: (a) positivo (autoconfiança, busca de suporte, resolução de problemas, busca de informações, acomodação e negociação); e (b) negativo (delegação, isolamento, desamparo, fuga, submissão e oposição). Aplicou-se esta abordagem na análise do coping da hospitalização do bebê internado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) por prematuridade e/ou baixo peso (PT-BP), no contexto de Grupo de Mães (GM), em uma maternidade pública. As participantes foram abordadas no próprio hospital e, após a explicação dos procedimentos da pesquisa, deram seu consentimento por escrito. Foram coletadas as variáveis neonatais na Ficha do Bebê e as 25 mães compuseram uma amostra de conveniência, e preencheram: (a) Protocolo de Registro de Dados Gerais, (b) Critério de Classificação Econômica Brasil, (c) Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP), e (d) Questionário Momento da Notícia. Depois, participaram de um dos 7 GM (2-7 participantes), com metodologia breve e estruturada e composto por: Sessão 1 - Características do bebê e da UTIN - com um Questionário de Avaliação da Intervenção (QUAI); e Sessão 2 - Desenvolvimento infantil e cuidados após a alta hospitalar com Livro de Apoio à Intervenção, QUAI, um Inventário de Satisfação do Usuário e uma entrevista individual sobre o enfrentamento. Três observadores treinados preencheram: (a) Protocolo de Registro de Sessão, (b) Protocolo de Avaliação do Comportamento Verbal e Não Verbal das Mães em Situação de Grupo, e (c) Instrumento de Observação do Padrão de Interação do Mediador em Situação de Grupo. No seguimento, após a alta hospitalar, as mães foram entrevistadas e preencheram a Escala de Eventos Vitais e a EMEP. A análise do processo de enfrentamento mostrou que o momento da notícia da hospitalização e a primeira visita à UTIN causaram grande impacto emocional, com reações de tristeza, preocupação, medo e surpresa, compartilhadas pelos pais. As estratégias de enfrentamento mais utilizadas durante a hospitalização pertenciam às famílias de coping: autoconfiança, negociação, acomodação (mediadas principalmente por crenças religiosas) e busca de suporte (sobretudo do marido/companheiro), percebendo-se a situação como desafio e fonte de amadurecimento pessoal; mas ocorreram também estratégias menos adaptativas como a delegação. Houve correlações significativas entre: (a) nível socioeconômico mais alto e uso de estratégias relacionadas à necessidade de relacionamento; (b) mães multíparas e desamparo, fuga e oposição e estratégias de enfrentamento agrupadas como percepção de ameaça; (c) mães que não trabalhavam fora de casa e autoconfiança; e (d) maior número de dias de internação do bebê e menor delegação. Após a alta hospitalar, a maioria não relatou ter dificuldades com os bebês, apresentando maiores médias de negociação, autoconfiança, acomodação e busca de suporte e redução significativa de delegação. Duas mães enfrentaram diferentemente a perda dos filhos: com autoconfiança e resolução de problemas, e outra com negociação e autoconfiança; mas ambas apoiando-se na religião. Os GM tiveram boa adesão e avaliação pela aprendizagem, suporte psicológico oferecido e troca de experiências entre as mães, que relataram sentir-se melhor após as sessões. A mediadora do GM seguiu os critérios para a promoção do coping, especialmente no fornecimento de estrutura (contexto previsível, contingente e consistente). Os dados sugerem que o GM ajudou a promover o coping dessas mães ao alterar sua percepção de controle e de suporte social, e aumentar a satisfação de suas necessidades de competência e de relacionamento. Esta pesquisa apresentou a viabilidade do sistema de 12 famílias de coping para a análise do enfrentamento em adultos, forneceu contribuições teórico-metodológicas ao estudo do coping, e ampliou o conhecimento sobre o tema central ao identificar e analisar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas mães na relação com o estressor - hospitalização do bebê PT-BP em UTIN em vários momentos, mapeando o processo de enfrentamento dessas mães. Além disso, mostrou a importância de intervenções breves em Psicologia Pediátrica, capazes de promover o enfrentamento. Espera-se que as melhorias no processo de enfrentamento geradas pela participação das mães nesta pesquisa possam ter tido, no longo prazo, resultados positivos na sua saúde física e mental, e, cumulativamente, no curso do desenvolvimento de seus bebês.
Palavras-chave: 1) Enfrentamento; 2) Coping; 3) Intervenção Psicológica; 4) Nascimento Prematuro; 5) Grupos de Apoio.

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