“Pelo poder de Zambi e pela força de Oxalá”: identidade social entre mães, pais, filhas e filhos de santo de uma comunidade de Umbanda no estado do Rio de Janeiro.

Nome: ISABELE SANTOS ELEOTERIO
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 18/12/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIANA BONOMO Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA DE FATIMA QUINTAL DE FREITAS Examinador Externo
MARIANA BONOMO Orientador
SABRINE MANTUAN DOS SANTOS COUTINHO Examinador Interno
ZEIDI ARAUJO TRINDADE Examinador Interno

Resumo: Eleotério, I. S. (2018). “Pelo poder de Zambi e pela força de Oxalá”: identidade social entre mães, pais, filhas e filhos de santo de uma comunidade de Umbanda no estado do Rio de Janeiro. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória, ES.

RESUMO

A partir da Teoria da Identidade Social, esta tese objetivou investigar o pertencimento grupal vinculado aos processos identitários entre membros de um centro de Umbanda no estado do Rio de Janeiro. A opção pelo estudo da comunidade umbandista decorreu da suposição de que a vivência comunitária tende a expressar a identidade social de modo dinâmico e contextualizado. Assim, a pesquisa empírica, de natureza qualitativa e exploratória, foi realizada por meio de uma investigação de tipo etnográfico. Foram desenvolvidos três estudos complementares: (E1) observação participante em 40 sessões do centro, evolvendo todos os membros da comunidade (n=21); (E2) entrevistas com seis mães e dois pais de santo do centro (n=08), com idades entre 30 e 65 anos; e (E3) entrevistas com oito filhas e cinco filhos de santo da comunidade (n=13), com idades entre 18 e 70 anos. As observações foram realizadas com o apoio de um diário de campo estruturado e as entrevistas por meio de um roteiro semiestruturado. Os 21 entrevistados atuavam no centro por um período que variou entre dois e 10 anos. Para tratamento dos dados referentes ao primeiro estudo, foi utilizada a Análise de Conteúdo temática, e as narrativas obtidas no segundo e no terceiro estudos foram analisadas por meio da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), procedida com o auxilio do software Alceste. Os principais resultados encontrados apontam para a identidade social dos membros do centro alicerçada, principalmente, nas atividades religiosas e nas relações intrafamiliares. Em linhas gerais, a organização do Centro e os rituais integram dois sistemas de referências para os fiéis: as quatro matrizes da Umbanda (europeia, ameríndia, africana e oriental) e as sete linhas de trabalho (Oxalá, Orixás, Orientais, Pretos Velhos, Caboclos, Crianças e Exus). No primeiro estudo (E1) foram descritos: o espaço físico, com os locais sagrados e ritualísticos; a organização e a preparação do templo para as sessões; o espaço social, com os quatro tipos de componentes (sacerdotes, entidades, médiuns e cambonos); bem como o tipo, o preparo e o desenrolar das sessões e de outros rituais. Evidenciando “A gênese da composição do grupo”, “O processo identitário na relação mediúnica” e “A demarcação do endogrupo” (conforme CHD), no segundo estudo (E2), o sentido da pertença foi realçado pela fusão existente entre o cotidiano, a família e a religião. Já na investigação realizada com as filhas e os filhos de santo (E3), foi possível identificar, por meio da CHD, dois eixos principais da dinâmica do pertencimento grupal: “Camuflagem identitária” e “Efeito de assimilação”. Foram reconhecidas as atividades dos adeptos relacionadas à formação religiosa, à autopercepção resultante da comparação com católicos e evangélicos, e o preconceito dirigido à Umbanda. Para fins de discussão dos processos identitários no contexto de pertencimento à comunidade de Umbanda, seguiu-se três dimensões principais: (i) criatividade social - a formação da comunidade religiosa, as matrizes da Umbanda e as linhas da casa; (ii) a identidade social e as duas incorporações: identitária e mediúnica; e (iii) o processo grupal - a transmissão intergeracional, a formação religiosa e a expansão das relações. Espera-se que o estudo desenvolvido possa contribuir com o corpo de conhecimento produzido sobre o fenômeno religioso no contexto da análise dos processos psicossociais, bem como atuar como recurso que auxilie na redução do preconceito contra grupos umbandistas.

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