“Podemos fazer diferente”: a Psicologia na Atenção Básica do Sistema Único de

Saúde

Nome: KARINE APARECIDA TEIXEIRA

Data de publicação: 26/07/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXANDRA IGLESIAS Orientador

Resumo: O Sistema Único de Saúde (SUS) surge da luta pela transformação do modelo de atenção à
saúde no Brasil, sendo que, sua construção ainda encontra-se em curso. Dentro dos três níveis
de atenção que compõe o SUS, destaca-se nesse estudo a Atenção Básica (AB), a qual é
considerada a ordenadora da rede de saúde e coordenadora do cuidado, devido a sua inserção
no território e proximidade com os(as) usuários(as). Esse nível de complexidade é formado por
equipes multidisciplinares que trabalham para a integralidade do cuidado individual e coletivo
de toda população. Nessa direção, mediante a complexidade envolvida no contexto da AB e,
visando garantir maior integralidade para os(as) usuários(as) do SUS, criaram-se outras equipes
para além das equipes de Saúde da Família (eSF), como, por exemplo, as equipes de

Consultório na Rua (eCR) e o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-
AB), que possibilitaram a ampliação dos cuidados de saúde incluindo outras categorias

profissionais, inicialmente não contempladas neste nível de atenção, como, o(a) psicólogo(a).
Desta forma, o objetivo desse estudo consiste em compreender as prática do(a) psicólogo(a) na
AB, destacando as potencialidades e os desafios vividos no contexto do SUS, que inclui a
pandemia de Covid-19 e as mudanças políticas ocorridas de 2016 a 2022. A proposta dessa
pesquisa foi desenvolvida com a realização de dois estudos: (1) Revisão integrativa de
literatura sobre a atuação do(a) psicólogo(a) na AB em âmbito nacional; e (2) As práticas
dos(as) psicólogos(as) na AB, as potencialidades e os desafios da realidade municipal de
Vitória – Espírito Santo (ES), considerando os atravessamentos gerados pela pandemia de
Covid-19 e pelas mudanças políticas expressas na Emenda Constitucional 86 (E86), na Emenda
Constitucional 95 (PEC 95), na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB 2017) e na
Portaria n o2.979. Nesse estudo, realizou-se entrevistas semiestruturadas com 14 participantes.
Os dadosforam analisados com auxílio de um software, a luz de teorias psicossociais. A revisão
integrativa de literatura, possibilitou a apreensão de quatro categorias temáticas: categoria 1 -
“Modelo clínico tradicional em Psicologia e as iniciativas de transformação da formação para atuação do(a) psicólogo(a) na AB”; categoria 2 - “Práticas/atuações do(a) psicólogo(a):
possibilidades na AB”; categoria 3 -“Vínculo, cuidado integral e humanizado e qualificação
dos processos de trabalho: potencialidades do trabalho da Psicologia na AB”; e categoria 4 -
“Dificuldades e desafios da atuação da Psicologia na AB”. Já a pesquisa realizada no município
de Vitória resultou em cinco categorias, a saber: “Práticas dos(as) psicólogos(as) na AB: antes

e durante a pandemia de Covid-19”; “Organizações do trabalho na AB: na pandemia de Covid-
19 e para além dela”; “‘Podemos fazer diferente’: relações com o território e parcerias

interprofissionais”; “A AB e o(a) psicólogo(a): potencialidades e dificuldades”; e
“Particularidades históricas e atuais do funcionamento da AB do município”. Considera-se que
os objetivos propostos nessa pesquisa foram atingidos. Foi possível apreender a disposição dos
(as) psicólogos (as) em desenvolver práticas coletivas e integrais para a promoção à saúde,
desviando-se de uma assistência unicamente clínica tradicional e aproximando-se dos
princípios do SUS. As ações políticas divergentes com a proposta do SUS se relacionam
também, com o enfraquecimento do SUS e em específico da AB, o que tem resultado na
possibilidade de fragmentação da atenção integral à saúde e na possibilidade do(a) profissional
psicólogo(a) deixar de compor os serviços da AB. A crise sanitária da pandemia de Covid-19
somou-se ao cenário político, evidenciando a importância do investimento financeiro e em
ensino e pesquisa nas instituições brasileiras. Cabe ressaltar assim, que a diversificação das
práticas discutidas nessa pesquisa, não se dá apenas pelo(a) profissional psicólogo(a), mas
dele(a) junto às equipes da AB.

Acesso ao documento

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910