REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO SER MULHER E O CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

Nome: LARISSE DOS SANTOS LAPA

Data de publicação: 06/10/2023

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HUGO CRISTO SANT ANNA Orientador

Resumo: O câncer de colo do útero está entre os tipos de câncer mais incidentes na população feminina brasileira e ocupa a quarta posição na classificação de mortalidade feminina por câncer. O acometimento por esse tipo de neoplasia pode repercutir na autoimagem e autopercepção da mulher devido aos significados simbólicos representados pelo órgão adoecido. Considerando o exposto, a presente pesquisa teve como objetivo geral investigar as Representações Sociais do ser mulher e suas relações com práticas cotidianas de execução de tarefas socialmente atribuídas ao gênero, sob o recorte temporal do tratamento oncológico para câncer de colo do útero. Para isso foram realizados dois estudos: o estudo I, consistiu em uma pesquisa de levantamento através de questionários virtuais que exploraram as representações sociais do que é ser mulher e das tarefas femininas, relacionando-as com papéis sociais executados, respondidos por 102 mulheres entre os 24 e 64 anos de idade. Os dados oriundos deste estudo foram analisados através de estatística simples e as evocações submetidas a análises com o auxílio do programa OpenEvoc. A estrutura das representações do que é ser mulher teve os termos “força”, como hipótese de centralidade e “guerreira” e “mãe” como os termos evocados na primeira periferia. Já as tarefas de mulher evidenciaram o termo “casa” como hipótese de centralidade e “machismo”, “filhos” e “trabalho” na primeira periferia. As participantes do estudo I discordam que ser mulher está ligada aos papéis de mãe, esposa e dona de casa, no entanto a representações sociais evocadas pelas mesmas participantes sugerem o contrário. No estudo II, foram realizadas cinco entrevistas em profundidade com mulheres que realizaram tratamento oncológico para câncer de colo do útero, guiadas por roteiro semiestruturado investigando o cotidiano, relações afetivas, papéis sociais e tarefas associadas, e impactos do tratamento. O material oriundo das entrevistas foi submetido a análise de conteúdo e obteve como principais achados as representações de força e guerreira como norteadores de práticas de manutenção da organização das tarefas no âmbito familiar, ancorados tanto em valores tradicionalmente atribuídos ao gênero quanto na religião como difusora de práticas de gênero. Além das tarefas domésticas, o exercício da maternidade também foi pontuado como um dos principais atributos da mulher, ancorada na função biológica do útero como gerador de filhos. As representações da mulher forte e guerreira, enraizadas na religião e na maternidade, moldaram as práticas das mulheres e de seus familiares, mantendo a configuração anteriormente adotada no núcleo familiar das participantes, mesmo diante da sobrecarga relatada por elas, dos efeitos colaterais e sintomas crônicos vivenciados. Desse modo, os achados da presente pesquisa indicam a interligação entre representações sociais, práticas e papéis de gênero na vida das pacientes com câncer de colo do útero em tratamento.

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