O trabalho em grupo com adolescentes na Unidade de Saúde da Família: estratégia de promoção do desenvolvimento e ampliação da rede de apoio

Nome: ELISARA LÍCIA SANTANNA

Data de publicação: 29/09/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CELIA REGINA RANGEL NASCIMENTO Orientador

Resumo: A Unidade de Saúde da Família organiza os serviços de saúde e reorienta as práticas
profissionais baseadas na promoção da qualidade de vida da população, constituindo-se em
uma proposta com dimensões técnica, política e administrativa inovadoras. Esses espaços de
saúde devem ofertar ações específicas para os adolescentes, considerando as suas demandas e
atuando para além dos problemas biológicos e de comportamento de risco. Estas mudanças na
atenção ao adolescente exigem ações de promoção à saúde que: reconheçam o adolescente
como uma pessoa em desenvolvimento e que está inserida em contextos sociais que estão
sempre se modificando; tenham disponibilidade de recursos humanos; envolvam ambiente
acolhedor; promovam construção de vínculo e proporcionem diálogo aberto com os
profissionais de saúde. Verifica-se, ainda, que a Unidade de saúde da Família pode participar
da rede de apoio social dos adolescentes ao fortalecer fatores protetores e ao minimizar as
principais vulnerabilidades desses. O presente estudo objetivou descrever o papel de um projeto
contínuo de intervenção com adolescentes desenvolvido na Unidade de Saúde da Família no
fortalecimento do espaço de saúde como rede de apoio desse público e avaliar a contribuição
dessa participação nas trajetórias de vida dos adolescentes. Com a finalidade de alcançar o
objetivo proposto, a pesquisa utilizou uma metodologia qualitativa descritiva baseando-se na
escuta das vivências dos participantes. A pesquisa foi composta por dois grupos de
participantes, O primeiro grupo foi constituído por um público de 30 jovens que foram
acompanhados no projeto enquanto adolescentes no período de 2007 a 2019. O segundo grupo
foi formado por 7 profissionais integrantes da equipe de condução dos grupos no projeto de
intervenção com adolescentes. O critério de inclusão dos participantes na categoria profissional
de saúde foi: ter participado da equipe de condução do projeto ou ter contribuído como
facilitador da dinâmica pelo menos em dois grupos, entre o período de início do projeto, em
2004, até 2019. A entrevista semi estruturada com os participantes que integraram o grupo dos
adolescentes foi aplicada individualmente e no formato presencial na USF. Os dados coletados
foram analisados qualitativamente por meio de uma técnica sistematizada de procedimentos, o
método da análise de conteúdo. Em primeiro momento foi realizada a pré-análise do material
das entrevistas com os participantes do primeiro grupo, agrupando-se as respostas em busca de
padrões. Nas primeiras etapas de organização e análise do material, os conteúdos foram
analisados buscando-se responder os objetivos da pesquisa. Posteriormente, categorias foram
organizadas agrupando e sintetizando os seguintes conteúdos temáticos: Aspectos marcantes e
motivação em relação ao grupo; Temas e dinâmicas mais lembrados; Relacionamento no
grupo; Aquisições: conhecimentos e transformações pessoais; A participação no grupo e
repercussões nas relações em outros contextos e Avaliações sobre o grupo. A análise das
entrevistas dos profissionais ocorreu após a organização das entrevistas dos jovens. Assim, a
busca de padrões para os agrupamentos e a elaboração das categorias das entrevistas dos
profissionais foram organizados buscando-se complementar os aspectos identificados também
pelos adolescentes. Ao final da análise foram elaboradas as seguintes categorias: O grupo como
espaço de escuta e apoio; O grupo como espaço de reconhecimento das vulnerabilidades; O
grupo como espaço de aproximação com a Unidade de Saúde. Como resultados principais
verificou-se que a Unidade de Saúde da Família, com o trabalho no grupo de adolescentes,
promoveu desenvolvimento de competências para os participantes, durante a adolescência e na
trajetória de vida, por meio de conhecimentos adquiridos e transformações pessoais. Para
alcançar esse desenvolvimento, destacam-se a relevância do planejamento do grupo,
envolvendo a seleção de temas que despertem o interesse dos adolescentes, a preparação de
dinâmicas que promovam engajamento, da escuta e o acolhimento dos profissionais, de forma
afetiva e sem julgamentos. Além da organização da periodicidade dos encontros, da atenção ao
número de integrantes e à promoção de uma interação harmônica e amistosa entre pares.
Constatou-se também que o grupo propiciou uma aproximação do público adolescente com a
Unidade de Saúde da Família, contribuindo para que a instituição fosse um espaço de apoio ao
desenvolvimento dos adolescentes, dando suporte para lidarem com as situações de
vulnerabilidades no contexto em que viviam. Conclui-se que o presente estudo construiu
fundamentação teórica para apoiar propostas de ação na promoção de saúde voltadas para o
público adolescente.

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