Trabalho, Vida e Morte no Setor de Rochas Ornamentais: Análise Psicossocial do Acidente de Trabalho Fatal para a Família

Nome: ANA BEATRYCE TEDESCO MORAES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 12/07/2011

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Examinador Interno
MARIA DAS GRAÇAS BARBOSA MOULIN Orientador
SILVIA RODRIGUES JARDIM Examinador Externo

Resumo: O trabalho é considerado uma prática transformadora da realidade que possibilita a sobrevivência material e simbólica, que interfere na subjetividade, no processo saúde-doença e na vida familiar dos trabalhadores. As pesquisas sobre condições psicossociais relacionadas com o acidente de trabalho fatal ainda são incipientes, e os efeitos desses acidentes para as famílias das vítimas têm ainda menor visibilidade, de forma que o objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos psicossociais dos acidentes de trabalho fatais para as famílias, ocorridos em 2008, no setor de mármore e granito, no Estado do Espírito Santo. Esta pesquisa, de cunho exploratório, utilizou a entrevista semiestruturada e as notas de campo como instrumentos de coleta de dados. Participaram da pesquisa, oito famílias, cujo levantamento teve como referência a Comunicação de Acidente de Trabalho. A análise dos dados seguiu o Método de Interpretação de Sentidos. Os resultados indicaram que o acidente de trabalho fatal traz diversas implicações para os filhos, esposas e para os demais membros da família da vítima, como agravos à saúde, mudanças de comportamento e dificuldade em lidar com a ruptura dos planos. As formas de enfrentar a morte indicaram que a superação da perda foi viabilizada principalmente por familiares, amigos e religião, mas outros elementos, como trabalho, estudo e psicoterapia, também foram evidenciados. Em se tratando dos aspectos relacionados com o suporte social, a maioria das empresas cumpriu suas obrigações legais com presteza, e o SINDIMÁRMORE esteve presente como suporte das famílias que não tiveram tais direitos atendidos. O Poder Público foi evidenciado no que tange aos benefícios concedidos às famílias vítimas de acidente de trabalho, mas se mostrou ausente nas ações de transformação da organização do trabalho para prevenção de acidentes. As famílias entrevistadas convivem com os riscos presentes no setor de rochas como parte do trabalho e vivenciam a morte neste contexto com resignação. A visão sobre o acidente de trabalho se mostrou intimamente associada às características da atividade no setor de rochas como: condições de trabalho desfavoráveis à segurança, proximidade entre relações pessoais e profissionais, naturalização dos riscos e falta de informação sobre os acidentes constatada não apenas por parte das famílias, mas também pelos órgãos públicos o que alerta para a urgência de que a análise dos acidentes se torne relevante e promova mudanças necessárias para que eles não se perpetuem.

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