O Impacto da Dor nas Funções Executivas e sua Relação com as Estratégias de Enfrentamento em Crianças com Anemia Falciforme

Nome: DANIELE DE SOUZA GARIOLI
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/08/2011
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ELEONORA ARNAUD PEREIRA FERREIRA Examinador Externo
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA Orientador
LUZIANE ZACCHÉ AVELLAR Examinador Interno

Resumo: Alterações na cognição são frequentes em portadores de doenças crônicas, devido à própria doença, à dor por ela produzida, e ao tipo de tratamento, que podem levar a uma dificuldade de funcionamento da pessoa no dia a dia. Apesar do ônus psicológico e social, ainda existem poucos estudos no país, no campo da Psicologia Pediátrica, avaliando o impacto das doenças crônicas na trajetória desenvolvimental. Considerando as doenças que atingem o sistema circulatório, a Anemia Falciforme (AF) é a mais comum. A AF, entre outras consequências, gera a oclusão dos vasos sanguíneos e o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que resultam em crises de dor constantes, sendo estas a principal causa de hospitalização. Assim, o adequado controle da dor se apresenta como indicador de qualidade de vida e de assistência para esta população, já que em portadores da AF, a dor é um fenômeno recorrente e imprevisível. Estudos apontam que a doença crônica e a dor podem levar a prejuízos na cognição, principalmente no funcionamento executivo. As funções executivas (FE) são um conjunto de processos que permite ao sujeito direcionar comportamentos a metas, avaliar a eficiência e adequação destes, resolvendo problemas, de médio ou longo prazo, mediante planejamento, controle inibitório e autorregulação das ações. Além disso, na condição da doença crônica é importante analisar as estratégias de enfrentamento (coping) mediante as quais o indivíduo lida com as situações adversas. Dessa forma, este estudo teve por objetivo geral avaliar se a dor causa algum tipo de prejuízo no desempenho cognitivo de crianças com AF, bem como analisar a relação entre as funções executivas e os tipos de coping empregados, partindo do pressuposto de que a maioria destes processos adaptativos está relacionada a tarefas cognitivas ligadas ao funcionamento executivo. Para tanto, participaram do estudo 12 crianças (8 a 10 anos), portadores de AF, atendidos em ambulatório de hematologia pediátrica de um hospital público de Vitória, ES. Foram utilizados instrumentos de mensuração da dor, do desempenho cognitivo (Teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven) e das funções executivas (Teste Wisconsin de Classificação de Cartas), além de medida das estratégias de enfrentamento da experiência dolorosa (Instrumento Informatizado de Avaliação das Estratégias de Enfrentamento da Hospitalização AEHcomp, adaptado para dor). Os dados foram analisados de forma descritiva e correlacional e apontaram para uma diminuição das crises álgicas e déficits no funcionamento executivo. As estratégias de enfrentamento mais relatas foram ruminação e solução de problemas, seguidas de reestruturação cognitiva. O fato de a estratégia ruminação apresentar-se como a mais utilizada indica que essas crianças estão concentradas em sua rotina nos aspectos negativos impostos pela doença, podendo constituir-se em fator de risco para o desenvolvimento de transtornos internalizantes. Entretanto, as demais estratégias apresentadas mostram uma busca ativa na solução de problemas, na tentativa de redirecionar o pensamento para aspectos positivos, a despeito da situação estressante. Na correlação entre variáveis foi possível verificar que as crianças que apresentaram um maior prejuízo na FE também demonstraram um maior número de estratégias de coping menos adaptativas, conforme estudos sugerem que um comprometimento das FES pode estar ligado a dificuldades na adoção de processos de coping. Novos estudos são necessários para avaliar a força dessa hipótese utilizando amostra representativa e outros instrumentos que avaliem coping e FE, aferindo com melhor precisão a relação entre as variáveis. Assim, a avaliação das funções cognitivas e dos tipos de coping mais comumente empregados poderá auxiliar na organização de intervenções mais dirigidas a populações de risco, como é o caso da anemia falciforme, diminuindo o impacto negativo da doença e da dor nas esferas emocional e cognitiva de seus portadores.

Acesso ao documento

Transparência Pública
Acesso à informação

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910