FREQUENTAR CRECHE E ADOECER: PROFECIA NÃO CONCRETIZADA

Nome: MARIA ANGELICA CARVALHO ANDRADE
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 25/06/2004

Resumo: As mudanças socioeconômicas e culturais que vêm ocorrendo nas últimas décadas, com a entrada de mulheres no mercado de trabalho, têm praticamente obrigado as famílias a buscar soluções alternativas de cuidado infantil. Essa Prática, que vem sendo questionada, tem respaldo na literatura científica e enfatiza o alto risco de adoecimento das crianças nesses ambientes. A entrada na creche, de acordo com alguns estudos, envolve um complexo processo de adaptação, apresentando para a criança inúmeras situações estressantes que, por meio do desencadeamento de respostas neurofisiológicas, provoca efeitos físicos e/ou psicológicos. Porém, a complexidade do processo de adaptação não é suficiente para questionar a máxima: crianças em creche adoece mais. Pelo contrário, os vários fatores envolvidos no processo de adaptação da criança à creche praticamente desembocam na patologização da relação criança-creche, parecendo não haver a possibilidade de a criança ultrapassar as barreiras da adaptação sem adoecer. Na literatura científica, mesmo as pesquisas que mostram resultados controversos e, às vezes, não conclusivos, nem sempre conseguem se desvencilhar da relação causal entre creche e doença. Considerando a necessidade de novos estudos sobre o tema, esta pesquisa teve como objetivo investigar a ocorrência de doenças em 109 prontuários médicos de crianças de classe média, em função de seu ingresso na creche, pela verificação de mudança(s) no número de consultas e doenças (queixas e intercorrências) nos primeiros doze meses de freqüência à creche, quando comparados com os dois meses anteriores. A análise estatística dos dados foi realizada por meio de um estudo descritivo e dos testes de Mc Nemar e Wilcoxon, considerando significativos os valores p<0,05. A análise revelou que, na amostra estudada, não houve aumento das consultas e intercorrências nos doze meses após a entrada na creche, porém houve aumento significativo nas queixas nos 1º, 2º e 3º bimestres. Pode-se supor que, apesar de não adoecer mais vezes e, por isso, não procurar o médico com mais freqüência, a família e, principalmente, a mãe, quando diante do profissional, com suas concepções baseadas nos numerosos estudos científicos da relação creche/doença, apresenta mais queixas com relação à saúde da criança. Tais queixas, transformadas em diagnóstico de doença, levariam à confirmação da predição médica. Contudo, para se verificar essa hipótese, são necessários novos estudos.

PALAVRAS-CHAVE: Creche, adaptação à creche, saúde da criança.

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