O enfrentamento da Covid-19 e a saúde mental dos
auxiliares e técnicos de enfermagem de um hospital público da Grande Vitória/ES
Nome: JULIANA OLIVEIRA SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 24/02/2022
Banca:
Nome |
Papel |
|---|---|
| RAFAEL DA SILVEIRA GOMES | Orientador |
| THIAGO DRUMOND MORAES | Examinador Externo |
| UEBERSON RIBEIRO ALMEIDA | Examinador Interno |
Resumo: A precarização do SUS tem se intensificado nos últimos anos com as políticas
neoliberais e produzido efeitos nas práticas de cuidado e na saúde mental dos
trabalhadores da saúde. Essas questões ficaram ainda mais em evidência com a
emergência da pandemia da Covid-19, em março de 2020, que sobrecarregou os
serviços de saúde. A partir da experiência de trabalho em um hospital público da
Grande Vitória, ES, surgiu a proposta desta pesquisa, que teve como objetivo
analisar as relações entre trabalho e saúde mental dos auxiliares e técnicos de
enfermagem no contexto da pandemia da Covid-19. Muitas informações subsidiaram
o estudo, e os dados foram produzidos por intermédio de diferentes estratégias,
dentre elas: a realização de rodas de conversa com trabalhadores do hospital e de
entrevistas semiestruturadas com oito auxiliares e técnicas de enfermagem que
atuaram diretamente com pacientes com Covid-19, internados em uma unidade de
clínica médica. Alguns conceitos da Psicodinâmica do Trabalho nortearam a
discussão dos dados que foram avaliados com base na técnica de Análise de
Núcleos de Sentido (ANS). Além da divisão rígida do trabalho, da invisibilidade do
saber-fazer, da sobrecarga de trabalho, da fragilização do coletivo e do
reconhecimento do trabalho e da ausência de espaços de discussão coletiva, os
auxiliares e técnicos de enfermagem passaram a lidar com outros fatores de
sofrimento durante a pandemia, a saber: a insegurança e medo de serem infectados
pelo novo coronavírus ou serem responsáveis pela infecção de algum familiar, a
insegurança em realizarem atividades desconhecidas e a intensificação do trabalho.
Apesar do contexto nocivo à saúde mental, esses trabalhadores encontram um
espaço de criação e relatam prazer e satisfação no trabalho ao perceberem sua
contribuição na melhora e alta do paciente, além de apresentarem algumas
estratégias que parecem ter contribuído para suportar o sofrimento. O estudo
permitiu evidenciar ainda que as mudanças nas condições e organização do
trabalho viabilizadas pela flexibilização dos limites orçamentários, em decorrência
da declaração do Estado de Calamidade Pública e do Estado de Emergência
Pública, no período de pandemia da Covid-19 , associadas às estratégias dos
gestores hospitalares, melhoraram o contexto de trabalho dos auxiliares e técnicos
de enfermagem da clínica médica, apesar das exigências e desafios impostos pela
pandemia, o que nos permite inferir a nocividade das políticas neoliberais para o
trabalho em saúde.
Palavras-chave: Trabalho. Enfermagem. Saúde Mental.
