Tocando os Estribos: A equoterapia como intervenção na interação social de crianças com transtorno do espectro autista

Nome: ALBERTO PEREIRA DA SILVA
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 14/12/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALESSANDRA BRUNORO MOTTA LOSS Suplente Interno
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL Orientador
MÔNICA COLA CARIELLO BROTAS CORRÊA Examinador Externo
SÁVIO SILVEIRA DE QUEIROZ Examinador Interno

Resumo: A equoterapia é um método multidisciplinar complexo, que pode contribuir para a melhora de
deficiências psicomotoras, relacionamento interpessoal e diminuição de padrões estereotipados.
Inicialmente voltada para oatendimento a pessoas com deficiência, pode ser proposta também
para auxiliar a interação social de crianças diagnosticadas com o transtorno do espectro autista
(TEA). O TEA se manifesta nos primeiros anos de vida, sendo observados sintomas
característicos por volta de 18 meses e diagnóstico aos três anos de idade. Se apresenta em
diferentes níveis, e é caracterizado principalmente por déficits na comunicação e dificuldade nas
interações sociais, com padrões de comportamentos repetitivos e restritos e muitas vezes
associado a atrasos no desenvolvimento. A perspectiva desenvolvimentista, ao discorrer sobre o
desenvolvimento das interações sociais, destaca a importância dos comportamentos não-verbais
e expressões corporais presentes em gestos de atenção compartilhada (AC), que podem estar
presentes antes da linguagem falada. Considerando a literatura sobre intervenção com a
participação de cavalos, mais conhecida no Brasil como equoterapia, o objetivo deste estudo foi
analisar a interação social de praticantes com diagnóstico de TEA, com idade entre três a cinco
anos, participantes de um programa de equoterapia. Para tal, foram registrados a interação e o
desenvolvimento de comportamentos de AC pelas crianças durante as sessões, bem como a
percepção de cuidadores em relação à intervenção proposta. Com delineamento descritivo, a
pesquisa foi realizada por meio de estudo de casos múltiplos, com participação de nove crianças
com diagnóstico de TEA, com idade entre três a cinco anos, praticantes no Programa Social de
Equoterapia da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) e seus responsáveis/cuidadores.
Foram utilizados como instrumentos de avaliação pré e pós intervenção e para fundamentar a
intervenção: a) Formulários de Anamnese, b) Escala de avaliação do Autismo Infantil (Childhood Autism Rating Scale – CARS), c) Escala de Comunicação da Primeira Infância
(Pictorial Infant Communication Scale - PICS), d) Fichas de Avaliação para Cuidadores, e)
Roteiro para orientar a realização das sessões de equoterapia e f) Protocolo para análise das
sessões, que apresentou níveis de desenvolvimento referentes à orientação social e AC, sendo
registrados ainda os comportamentos esperados na interação do praticante com a equipe e com o
cavalo. A análise dos resultados mostrou que todos os praticantes obtiveram melhores
pontuações na PICS e CARS no momento posterior à intervenção, em comparação ao momento
anterior: Na avaliação da PICS, todos obtiveram melhora nas pontuação Total e na
subpontuação Iniciação de Atenção Compartilhada; oito apresentaram melhora na
subpontuação Iniciação de Comportamento de Solicitação; e quatro obtiveram avanços na
subpontuação Resposta de Atenção Compartilhada, sendo que dois conseguiram a pontuação
máxima nas duas avaliações. Na avaliação da CARS, novamente todos os praticantes
alcançaram melhores escores na avaliação final, entretanto, apenas para um praticante essa
mudança de pontuação se traduziu também em alteração de classificação do transtorno, saindo
de grave para leve/moderado. Em relação aos comportamentos relacionados à interação social,
as crianças apresentaram mudanças principalmente naqueles originados da capacidade
espontânea em sinalizar a um parceiro social seu interesse, usando gestos ou direcionando o
olhar. Os comportamentos foram categorizados de acordo com sua manifestação nas sessões de
equoterapia, dentro das categorias: Ausente; Desencadeado pelo Cuidador; Desencadeado pelo
Mediador; Espontâneo. Os Níveis de desenvolvimento presentes na análise foram descritos em
dois níveis: I, subdividido em A e B; II, também subdividido em A e B. Finalmente, as
categorias das entrevistas com os pais –Expectativa Inicial; Aceitação da presença do cavalo;
Dificuldades observadas; Interesse pela atividade; Mudanças no comportamento do praticante–
mostram que eles perceberam melhora na interação social dos praticantes, seja em âmbito
familiar ou em outros contextos, e, ainda, importância da relação entre as crianças, cavalos e
equipe de atendimento. Concluiu-se que os comportamentos de AC, principalmente os
relacionados à orientação social, podem ser facilitados no ambiente da equoterapia, devido às características da intervenção, que incentiva a interação, inicialmente entre o praticante e o
cavalo, estendendo-se para a equipe. Observou-se ainda que os cuidadores exercem papel
importante especialmente na adaptação durante o período inicial da intervenção e também que
percebem a evolução dos praticantes, principalmente em aspectos ligados ao relacionamento
social e independência. O papel dos profissionais mediadores se coloca como fator primordial
para a evolução dos praticantes, mediante o incentivo dos comportamentos observados e manejo
das características que o cavalo proporciona nas atividades propostas. A equoterapia, portanto,
ofereceu um ambiente propício para o estímulo e motivação dos participantes com TEA, sendo
necessário o acompanhamento constante da atividade pela equipe multiprofissional, para que o
praticante seja protagonista em seu processo na terapia.

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