INTERVENÇÃO NO CONTROLE INIBITÓRIO DE CRIANÇAS COM TEA
POR MEIO DE JOGO ELETRÔNICO
Nome: JULIA CAMATTA SPADA
Data de publicação: 13/09/2024
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
ALESSANDRA BRUNORO MOTTA LOSS | Examinador Interno |
ANDREIA OSTI | Examinador Externo |
CLAUDIA PATROCINIO PEDROZA CANAL | Presidente |
Resumo: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento e dentre
suas características, há comprometimento em funções executivas, afetando o planejamento e
regulação das emoções e dos comportamentos. Pessoas com TEA frequentemente enfrentam
desafios em regulação emocional, impactando em suas relações. Estratégias de intervenções
lúdicas tem mostrado benefícios na melhoria dessas habilidades, como jogos. A proposta
desde trabalho foi descrever como o controle inibitório, a autorregulação emocional e a
comportamental se apresentam em crianças com TEA nível 1 de suporte durante intervenção
com jogo eletrônico. Participaram da pesquisa 15 crianças com faixa etária entre 8 e 12 anos,
os instrumentos utilizados foram a Childhood Autism Rating Scale (CARS), NO
CONTROLE+, Gwakkamolé, Registro Observacional durante a intervenção e Entrevista com
roteiro semiestruturado. O procedimento foi dividido em sete encontros: 1) um encontro para
avaliação pré-intervenção; b) quatro encontros de intervenção; c) um encontro para avaliação
pós-intevenção e d) um encontro para entrevista com os pais ou responsáveis. Os dados
foram analisados de forma qualitativa e quantitativa, por meio de cálculo da Significância
Clínica, Análise de Conteúdo das entrevistas e Categorização dos comportamentos
observados. Em relação aos resultados, na pós-intervenção, a maioria dos participantes
aumentou seu número de acertos em relação à avaliação pré-intervenção na medida de
controle inibitório por meio do instrumento NO CONTROLE+. Já na escala CARS, todos os
participantes diminuíram seus escores totais, com uma média de diferença na pontuação total
da escala de 4,5 pontos, sendo que o domínio com maior redução de pontuação foi Resposta
intelectual. As categorias de comportamentos durante a intervenção foram: Comportamentos
Emocionais, divididos em emocionais positivos, como comemoração e negativos, como
agressividade, Comportamentos de Socialização/Interação, Autogestão e Inibição de
Comportamentos. Ao longo da intervenção comportamentos emocionais positivos e de
socialização aumentaram, emocionais negativos diminuíram e comportamentos de inibição de
comportamentos foram observados nas últimas sessões. Comportamentos de Autogestão
foram observados nas sessões de alguns participantes desde o início da intervenção. A
intervenção foi clinicamente significativa, com quatro participantes apresentando mudança
positiva confiável. Para os demais participantes as mudanças ou foram muito pequenas para
serem consideradas significativas ou ocorreram por outros fatores que não a intervenção. Foi
realizada uma pergunta para verificar a compreensão dos participantes sobre as estratégias de
adaptação e modos de jogar e todos os participantes demonstraram saber como jogar, mas
não possuíam ainda elaborações conceituais sobre o jogo. Por fim, na entrevista, os
pais/cuidadores tiveram certa dificuldade em identificar mudanças que ocorrem no dia a dia
de seus filhos, mas quando orientados para como e onde observar e também ao terem que dar
exemplos, conseguiram ter uma perspectiva maior de mudança. Os aspectos em que essas
mudanças ocorreram foram: velocidade na execução das tarefas, mudanças na escola,
atenção, engajamento e concentração em tarefas do dia a dia, autonomia, flexibilidade,
comunicação e interação, brincadeiras e inibição de comportamentos.
Os participantes no geral obtiveram ganhos importantes no que diz respeito à
socialização, adaptação a mudanças, flexibilidade cognitiva e autorregulação, bem como no
controle inibitório. Por meio de uma intervenção com jogos de forma lúdica, foi possível
aprimorar habilidades para as crianças com TEA que participaram deste estudo, tais
habilidades também foram percebidas pelos pais e cuidadores em outros contextos.
Palavras chave: TEA, Funções Executivas, Controle Inibitório, Autorregulação Emocional,
Autorregulação Comportamental, Jogo Eletrônico