Avaliação da dor pediátrica e do pensamento de catastrofização no processo de hospitalização
Nome: ANDREZA MOURÃO LOPES BACELLAR
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 24/08/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ALESSANDRA BRUNORO MOTTA LOSS | Examinador Interno |
FABIANA PINHEIRO RAMOS | Examinador Externo |
KELY MARIA DE SOUSA PEREIRA | Orientador |
TATIANE LEBRE DIAS | Examinador Externo |
VALESCHKA MARTINS GUERRA | Examinador Interno |
Resumo: A dor pediátrica comumente se faz presente no contexto hospitalar devido a doenças e procedimentos invasivos inerentes ao processo. Cabe aos profissionais de saúde avaliar e manejar adequadamente essa experiência. Nesse processo, também é relevante identificar a presença de pensamentos de catastrofização da dor, que podem dificultar a forma como os pacientes lidam com a doença, o tratamento ou a internação. Para tanto, a pesquisa teve por objetivo geral analisar as relações entre dor pediátrica e pensamento de catastrofização em amostra de quatro hospitais públicos da Grande Vitória, ES, sendo dois de atendimento pediátrico. Esta tese está organizada em três estudos. O Estudo 1 apresenta a caracterização da dor pediátrica, em termos de prevalência, epidemiologia, avaliação e manejo, de acordo com crianças/adolescentes, seus acompanhantes e equipe de saúde (Medicina e Enfermagem); no Estudo 2 foi analisada a percepção dos profissionais sobre tratamento da dor e repercussão dessa experiência no desenvolvimento infantil; e, por fim, no Estudo 3, as relações entre dor e pensamento de catastrofização dos pacientes e acompanhantes. A amostra incluiu dados de 253 pacientes (37 neonatos, 94 lactentes, 54 pré-escolares, 49 escolares e 37 adolescentes), 228 acompanhantes, 28 médicos e 67 profissionais da equipe de enfermagem, avaliados por roteiros de entrevista e coleta de dados do prontuário, Escala de Faces da DorRevisada (Faces Pain Scale-revised - FPS-R), Escala Numérica de Dor (Numerical Rating Scale NRS), Mapa Corporal (Body Map), Escala de Catastrofização da Dor para Crianças (Pain Catastrophizing Scale for Children - PCS-C) e Escala de Catastrofização da Dor para os Pais (Pain Catastrophizing Scale for Parents PCS-P). Estatísticas descritiva e correlacional foram adotadas, com uso dos testes Qui-quadrado, concordância Kappa e Mcnemar, correlação de Pearson, t de amostras independentes, pareado e regressão linear, além de análise qualitativa de dados de entrevista. O Estudo 1 apontou que 66% das crianças/adolescentes relataram dor moderada a grave nas últimas 24 horas de internação. Os familiares identificaram dor em 41,2%, a equipe de enfermagem em 33,7%, e médicos em 29,6%. Com base na percepção sobre a presença de dor, constatou-se concordância moderada entre pacientes e acompanhantes (kappa = 0,5), razoável com os médicos (kappa = 0,3) e baixa com a enfermagem (kappa = 0,1). Pacientes e acompanhantes utilizaram mais descritores da dor relativos à intensidade, e profissionais indicaram mais a dor do tipo aguda-processual. Na maioria dos casos, a dor foi avaliada e manejada pela equipe, principalmente por medidas farmacológicas. No Estudo 2, identificou-se que a maioria dos profissionais não tinha formação específica na área da dor, mas relatou a importância de tratá-la devido ao impacto no desenvolvimento; aqueles com menor tempo de experiência consideraram que a dor da criança é diferente do adulto, já aqueles com maior tempo indicaram que essa experiência é igual. No Estudo 3, altos níveis de catastrofização da dor foram encontrados para pacientes pediátricos e acompanhantes, sendo maior para crianças do que adolescentes. Intensidade e catastrofização da dor dos pacientes relacionaram-se positivamente (r = 0,424). Idade, ruminação dos acompanhantes e tempo de internação foram preditoras da catastrofização da dor. Conclui-se que a amostra investigada sentiu dor no período avaliado, manejada predominantemente por medidas farmacológicas, acompanhadas pela forte presença de pensamentos de catastrofização relacionados à idade, dor vivenciada e sentimentos dos acompanhantes. Esses dados alertam parafuturas investigações que visam o controle adequado da dor pediátrica, capacitação da equipe de saúde e programas que instrumentalizem o paciente no enfrentamento adaptativo de situações estressantes como a dor e a hospitalização. O estudo também contribui com as pesquisas que mapeiam e analisam a prevalência da dor pediátrica em hospitais públicos no país.